São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Promotor que atropelou família é afastado

Wagner Grossi foi denunciado ao Tribunal de Justiça por triplo homicídio sem intenção com agravante de embriaguez

Durante o afastamento, de 60 dias prorrogáveis, determinado pelo Ministério Público, promotor continua recebendo seus salário

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

O Ministério Público afastou ontem do cargo, por 60 dias, o promotor de Justiça Wagner Grossi, 42, que também foi denunciado ao Tribunal de Justiça por triplo homicídio culposo (sem intenção), com agravante de embriaguez, por ter provocado a morte de três pessoas da mesma família em um acidente de trânsito em Araçatuba (530 km de SP) no dia 8.
Grossi continuará recebendo salários. O salário inicial de promotores é de R$ 10,5 mil.
O afastamento, que é prorrogável por mais 60 dias, foi decidido na última terça-feira pelo Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo.
Grossi dirigia sua picape Ford Ranger na rodovia Eliezer Magalhães e, na contramão, atingiu a moto em que estavam as vítimas. Alessandro Silva Santos, 27, sua mulher, Alessandra Alves, 26, e o filho dela, Adriel, 7, morreram na hora.
O exame clínico apontou que Grossi, que se recusou a realizar o teste de dosagem alcoólica na Polícia Civil, estava em condição de "embriaguez moderada", o que seu advogado nega.
Testemunhas disseram à Polícia Civil que ele dirigia em alta velocidade -no local, o limite é de 40 km por hora-, o que foi acolhido na denúncia, e levava uma lata de cerveja na mão.
A denúncia da Promotoria, que será julgada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça, ainda requer que o promotor pague às famílias uma multa reparatória pelos danos sofridos, cujo valor ainda será calculado, e a apreensão da CNH (carteira de habilitação) de Grossi.
Caso seja condenado, Grossi fica sujeito a uma pena que varia de três anos, um mês e dez dias a nove anos de prisão. Ele só corre o risco de perder o cargo, que é vitalício, caso seja condenado a pelo menos quatro anos. Segundo o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, Grossi "não está apto a desempenhar de forma adequada" as funções de promotor.
Grossi ainda não foi ouvido pelo Ministério Público. Um dia após o acidente, o procurador Hermann Herschander tentou inquiri-lo, mas seu advogado apresentou atestado dizendo que ele não poderia comparecer para depor.
A denúncia encaminhada por Pinho ao Tribunal de Justiça demonstra preocupação com uma eventual repercussão negativa em Araçatuba, caso Grossi fosse visto dirigindo.
"A mera possibilidade de ser o dr. Grossi visto transitando pelas ruas de Araçatuba ao volante de veículo automotor gera prejuízo à ordem pública, ante a sensação de impunidade que disso deriva", escreve o procurador-geral.
Pinho nega que haja algum tipo de privilégio do Ministério Público a Grossi pelo fato de ele ter sido denunciado por homicídio culposo, e não doloso (intencional), já que, segundo a polícia, ele estava embriagado e dirigia na contramão e em velocidade acima da permitida. "Foi dada uma classificação adequada para a conduta, fosse ou não promotor de Justiça."


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