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Promotor que atropelou família é afastado
Wagner Grossi foi denunciado ao Tribunal de Justiça por triplo homicídio sem intenção com agravante de embriaguez
Durante o afastamento,
de 60 dias prorrogáveis, determinado pelo Ministério Público, promotor continua recebendo seus salário
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
O Ministério Público afastou
ontem do cargo, por 60 dias, o
promotor de Justiça Wagner
Grossi, 42, que também foi denunciado ao Tribunal de Justiça por triplo homicídio culposo
(sem intenção), com agravante
de embriaguez, por ter provocado a morte de três pessoas da
mesma família em um acidente
de trânsito em Araçatuba (530
km de SP) no dia 8.
Grossi continuará recebendo
salários. O salário inicial de
promotores é de R$ 10,5 mil.
O afastamento, que é prorrogável por mais 60 dias, foi decidido na última terça-feira pelo
Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo.
Grossi dirigia sua picape
Ford Ranger na rodovia Eliezer
Magalhães e, na contramão,
atingiu a moto em que estavam
as vítimas. Alessandro Silva
Santos, 27, sua mulher, Alessandra Alves, 26, e o filho dela,
Adriel, 7, morreram na hora.
O exame clínico apontou que
Grossi, que se recusou a realizar o teste de dosagem alcoólica
na Polícia Civil, estava em condição de "embriaguez moderada", o que seu advogado nega.
Testemunhas disseram à Polícia Civil que ele dirigia em alta
velocidade -no local, o limite é
de 40 km por hora-, o que foi
acolhido na denúncia, e levava
uma lata de cerveja na mão.
A denúncia da Promotoria,
que será julgada pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça,
ainda requer que o promotor
pague às famílias uma multa reparatória pelos danos sofridos,
cujo valor ainda será calculado,
e a apreensão da CNH (carteira
de habilitação) de Grossi.
Caso seja condenado, Grossi
fica sujeito a uma pena que varia de três anos, um mês e dez
dias a nove anos de prisão. Ele
só corre o risco de perder o cargo, que é vitalício, caso seja condenado a pelo menos quatro
anos. Segundo o procurador-geral de Justiça de São Paulo,
Rodrigo César Rebello Pinho,
Grossi "não está apto a desempenhar de forma adequada" as
funções de promotor.
Grossi ainda não foi ouvido
pelo Ministério Público. Um
dia após o acidente, o procurador Hermann Herschander
tentou inquiri-lo, mas seu advogado apresentou atestado dizendo que ele não poderia comparecer para depor.
A denúncia encaminhada
por Pinho ao Tribunal de Justiça demonstra preocupação
com uma eventual repercussão
negativa em Araçatuba, caso
Grossi fosse visto dirigindo.
"A mera possibilidade de ser
o dr. Grossi visto transitando
pelas ruas de Araçatuba ao volante de veículo automotor gera prejuízo à ordem pública, ante a sensação de impunidade
que disso deriva", escreve o
procurador-geral.
Pinho nega que haja algum
tipo de privilégio do Ministério
Público a Grossi pelo fato de ele
ter sido denunciado por homicídio culposo, e não doloso (intencional), já que, segundo a
polícia, ele estava embriagado e
dirigia na contramão e em velocidade acima da permitida.
"Foi dada uma classificação
adequada para a conduta, fosse
ou não promotor de Justiça."
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