São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Antigripal sem receita pode ser inócuo

Segundo comitê americano, xarope e remédios para gripe para crianças menores de seis anos podem não ter eficácia

Agência de alimentos e remédios dos EUA recomenda que fabricantes façam estudos para avaliar a eficácia dos ingredientes

DA REDAÇÃO

Um comitê de especialistas da FDA (Food and Drug Administration, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos) aprovou ontem uma resolução concluindo que xaropes pediátricos para tosse e remédios para gripe vendidos para crianças menores de seis anos sem receita nas farmácias podem ser inócuos no combate à doença.
O órgão não é obrigado a seguir as disposições dos seus conselhos consultivos, mas geralmente costuma fazê-lo.
A informação foi veiculada ontem no site do jornal americano "The New Yor Times".
Se concretizada, a medida deverá esvaziar prateleiras das farmácias americanas. A deliberação do comitê da FDA acontece uma semana depois que os maiores laboratórios dos EUA concordaram em retirar voluntariamente uma dúzia de produtos considerados placebos em crianças e bebês.
A agência americana recomenda que os fabricantes façam estudos para avaliar a eficácia dos ingredientes. O problema, segundo especialistas dos EUA, é saber se as empresas de fato farão os estudos.
Boa parte dos princípios ativos desses remédios inclusive já caíram em domínio público e não são mais patenteados.
A posição do comitê de especialistas da FDA sobre os xaropes pediátricos para tosse foi avalizada de maneira quase unânime pelo comitê no que se refere ao uso por crianças de até dois anos de idade. Foram 21 votos a favor e 1 contra.
A votação foi mais apertada para a recomendação às crianças de dois a cinco anos. Foram 13 votos a favor e 9 contra. No caso de decisões apertadas como essa, a agência muitas vezes desconsidera as recomendações. A maioria do comitê, porém, votou favorável a permitir que os medicamentos continuem sendo vendidos para crianças de mais de seis anos.
Entre os fabricantes afetados estão grandes empresas como Johnson & Johnson e Novartis. Eles dizem que os produtos são seguros e efetivos e que a maioria dos problemas relacionados ao uso (como overdoses involuntárias) poderia ser resolvida com campanhas educativas.
Os argumentos foram rejeitados pelo comitê, para quem não há evidência de que eles têm algum efeito e para quem mais estudos precisam ser feitos para que haja algum tipo de comprovação desse tipo.
Muitos desses produtos pediátricos foram aprovados no começo dos anos 70, apesar de quase não haver evidência da sua eficiência porque geralmente era considerado que medicamentos que tinham eficácia para adultos deveriam ser bons também entre as crianças.
Desde então, foi constatado que diversos deles inicialmente testados somente em adultos são ineficientes ou inclusive impróprios para as crianças.
A votação do comitê da FDA sinaliza que muitos medicamentos freqüentemente usados pelos americanos não foram examinados tão de perto e podem até não ter resultado.
Os padrões de avaliação tiveram mudanças significativas nos últimos 30 anos, mas milhares de medicamentos vendidos hoje em dia foram liberados numa época em que os padrões eram menos rígidos.


Com agências internacionais


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