|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Antigripal sem receita pode ser inócuo
Segundo comitê americano, xarope e remédios para gripe para crianças menores de seis anos podem não ter eficácia
Agência de alimentos e remédios dos EUA recomenda que fabricantes façam estudos para avaliar a eficácia dos ingredientes
DA REDAÇÃO
Um comitê de especialistas
da FDA (Food and Drug Administration, a agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos) aprovou ontem uma resolução concluindo que xaropes pediátricos para tosse e remédios para
gripe vendidos para crianças
menores de seis anos sem receita nas farmácias podem ser
inócuos no combate à doença.
O órgão não é obrigado a seguir as disposições dos seus
conselhos consultivos, mas geralmente costuma fazê-lo.
A informação foi veiculada
ontem no site do jornal americano "The New Yor Times".
Se concretizada, a medida
deverá esvaziar prateleiras das
farmácias americanas. A deliberação do comitê da FDA
acontece uma semana depois
que os maiores laboratórios
dos EUA concordaram em retirar voluntariamente uma dúzia
de produtos considerados placebos em crianças e bebês.
A agência americana recomenda que os fabricantes façam estudos para avaliar a eficácia dos ingredientes. O problema, segundo especialistas
dos EUA, é saber se as empresas de fato farão os estudos.
Boa parte dos princípios ativos desses remédios inclusive
já caíram em domínio público e
não são mais patenteados.
A posição do comitê de especialistas da FDA sobre os xaropes pediátricos para tosse foi
avalizada de maneira quase
unânime pelo comitê no que se
refere ao uso por crianças de
até dois anos de idade. Foram
21 votos a favor e 1 contra.
A votação foi mais apertada
para a recomendação às crianças de dois a cinco anos. Foram
13 votos a favor e 9 contra. No
caso de decisões apertadas como essa, a agência muitas vezes
desconsidera as recomendações. A maioria do comitê, porém, votou favorável a permitir
que os medicamentos continuem sendo vendidos para
crianças de mais de seis anos.
Entre os fabricantes afetados
estão grandes empresas como
Johnson & Johnson e Novartis.
Eles dizem que os produtos são
seguros e efetivos e que a maioria dos problemas relacionados
ao uso (como overdoses involuntárias) poderia ser resolvida
com campanhas educativas.
Os argumentos foram rejeitados pelo comitê, para quem
não há evidência de que eles
têm algum efeito e para quem
mais estudos precisam ser feitos para que haja algum tipo de
comprovação desse tipo.
Muitos desses produtos pediátricos foram aprovados no
começo dos anos 70, apesar de
quase não haver evidência da
sua eficiência porque geralmente era considerado que medicamentos que tinham eficácia para adultos deveriam ser
bons também entre as crianças.
Desde então, foi constatado
que diversos deles inicialmente
testados somente em adultos
são ineficientes ou inclusive
impróprios para as crianças.
A votação do comitê da FDA
sinaliza que muitos medicamentos freqüentemente usados pelos americanos não foram examinados tão de perto e podem até não ter resultado.
Os padrões de avaliação tiveram mudanças significativas
nos últimos 30 anos, mas milhares de medicamentos vendidos hoje em dia foram liberados numa época em que os padrões eram menos rígidos.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Protesto de alunos suspende aulas na Unifesp pelo 2º dia Próximo Texto: FDA diz que pílula contra impotência pode causar surdez Índice
|