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ANÁLISE
Após três meses, Nelson Jobim acumula promessas
Medidas do ministro seguem pendentes ou atrasadas
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Nelson Jobim assumiu a Defesa com carta branca presidencial, cacife orçamentário e o
título de "maestro" da aviação
civil, mas em menos de três meses acumula uma lista de medidas pendentes ou atrasadas tão
extensa quanto a atenção da
imprensa no período.
Enquanto fazia seu périplo
militar pela Amazônia, as energéticas ordens e os prazos começaram a desmoronar.
Primeiro, a área de escape da
pista secundária de Congonhas
foi parcialmente anulada. Em
seguida, foram prorrogados
três prazos: o local do terceiro
aeroporto de São Paulo, o Plano
Aeroviário Nacional e a Política
Nacional de Aviação Civil.
As definições, importantes
para a organização estrutural
do setor, foram ofuscadas por
outras "prioridades", como a
falta de espaço para pessoas altas ou com sobrepeso nas poltronas de aviões. Jobim, 1,90 m,
quer a solução até dezembro.
Outro problema da crise é o
debate da desmilitarização do
controle aéreo. O ministro afirma não ter ideologia, mas não
publicou na sua agenda oficial o
encontro com o advogado dos
controladores e engavetou o estudo que recebeu.
O discurso inaugural do "aja
ou saia" já começa a somar remendos. O ministro decretou a
imediata redução das pistas de
Congonhas, em nome da segurança aérea. "Nós não ajustamos os aeroportos às empresas.
Nós ajustamos as empresas ao
aeroporto", disse, na época.
Neste caso, a pista reduzida
foi ajustada sob encomenda para as empresas. Agora, aviões
de maior porte podem usar a
pista auxiliar para decolagens,
acabando com atrasos na pista
principal. Ou seja, ou a medida
de Jobim foi tecnicamente
apressada ou foi mais uma falha tentativa de esvaziar Congonhas com o discurso da segurança acima da comodidade.
Não seria a primeira. O desafogar de Congonhas levou o ministro a querer transferir cerca
de 20 vôos para Viracopos, em
Campinas. Essa idéia não durou uma semana.
Viracopos e Galeão, no Rio,
aliás, aguardam ainda o fim de
seus dias de ócio, que estão em
91% e 66%, respectivamente.
Outra frase que virou mote
de Jobim é "cada dia com sua
agonia", usada sempre que é
cobrado pela demora na troca
da diretoria da Anac (Agência
Nacional da Aviação Civil),
eleita prioridade ao assumir o
cargo. O ministro agora enfrenta a lentidão da turbulência no
Senado. Quase dois meses depois da primeira renúncia, apenas um dos quatro indicados foi
aprovado pela Casa.
No jogo pela renúncia do presidente da agência, Milton Zuanazzi, acabou tendo de recuar.
Após levar ao Planalto o nome
de Solange Vieira, teve de acomodá-la na recém-criada SAC
(Secretaria de Aviação Civil).
Também não há noticias do
processo administrativo para
apurar a polêmica "falsa norma" de segurança da Anac, que
poderia ter evitado o acidente
da TAM. Uma sindicância interna já inocentou os envolvidos e o caso virou inquérito do
Ministério Público Federal.
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