São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2011

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FOCO

Contadores de histórias ajudam a alfabetizar crianças em hospitais

ANDRESSA TAFFAREL
DE SÃO PAULO

Quem vê Vitor, 7, lendo animadamente livros de fábulas enquanto faz diálise no Instituto da Criança, no Hospital das Clínicas de São Paulo, nem imagina que ele nunca foi à escola.
Cada letra que aprendeu foi com a ajuda de enfermeiros, médicos e, principalmente, dos contadores de histórias que visitam os pequenos no hospital.
A voluntária Irene Tanabe, 36, levou os primeiros livros para Vitor logo que ele começou o tratamento contra insuficiência renal, aos oito meses de idade.
Sete anos depois, ela continua carregando livros para o instituto, mas hoje é Vitor quem costuma lê-los. "Ei, olha! Um pato! Não é um pato, é um coelho!", lê, virando em seguida o livro "Pato! Coelho!", de Amy Krouse Rosenthal e Tom Lichtenheld, para mostrar para a repórter a figura na página. "O que você acha que é?", pergunta, por fim.
Irene faz parte da ONG Viva e Deixe Viver desde 2004, quando resolveu dedicar um tempinho da sua vida de jornalista para o voluntariado.
Ela também conta histórias para outras crianças no Hospital das Clínicas, mas admite que tem uma relação mais próxima com Vitor. "Ele vive nesse mundinho fechado no hospital, sem ir à escola, mas é muito esperto."
Para fazer o tratamento, Vitor vai ao hospital um dia sim, um não, enquanto espera por um transplante de rim. Nas terapias que fazia na AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) desde os seis meses de idade, Mary Lemos Prieto Giordano, 19, também contou com a ajuda do Viva para se alfabetizar.
"Eu ia à escola, mas o trabalho dos contadores ajudou muito a melhorar minha escrita e leitura. Eles foram muito importantes para o desenvolvimento da minha comunicação", afirma.
Criada há 15 anos, a ONG tem cerca de 1.200 voluntários em nove Estados, que dedicam duas horas semanais ao trabalho. A seleção de contadores de história é feita uma vez por ano -o treinamento dura nove meses. Para 2012, as inscrições começam em fevereiro. Informações no site www.vivaedeixeviver.org.br.


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