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São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2003

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SEGURANÇA

Proposta do governador Geraldo Alckmin também prevê que infrator seja transferido para presídio ao completar 18 anos

Projeto amplia prazo de internação de menor

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proposta de mudança no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) feita pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), prevê que os menores que cometerem "atos infracionais praticados com violência ou grave ameaça à pessoa" possam ficar até dez anos internados.
A proposta, entregue ontem ao presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT), sugere que os infratores fiquem internados por até oito anos, mas, em caso de reiteração -quando o menor comete mais de um crime considerado violento-, a punição poderá ser ampliada para dez anos. O projeto também autoriza a transferência de infratores, ao completarem 18 anos, para o sistema penitenciário.
Pelo ECA, criado há 13 anos, adolescentes infratores podem ficar na Febem, cumprindo medidas socioeducativas, por até três anos. A duração da internação depende de avaliações semestrais realizadas por psicólogos, promotores e juízes da infância.
Segundo o secretário estadual da Educação, Gabriel Chalita -cuja pasta é responsável pela Febem-, a eventual ampliação da internação deverá atingir infratores que cometerem crimes hediondos: "Dificilmente um menor condenado por roubo ficará oito anos internado. A medida é para uma exceção, uma parte pequena dos adolescentes que comete homicídios e latrocínios".
No entanto, segundo o secretário estadual da Justiça, Alexandre de Moraes, a proposta é mais abrangente. "Roubo com uso de arma é uma grave ameaça à pessoa, portanto também entra na internação por até oito anos", afirmou. O secretário ressalta, porém, que o tempo de internação será decidido por um juiz da Vara da Infância e Juventude, baseado em uma avaliação do menor.
A proposta defendida por Alckmin pode ampliar o período de internação de dois terços dos 6.705 internos da Febem: 54,9% respondem por roubo qualificado, 8,5% por homicídio doloso e 3,2% por latrocínio.

Ficha limpa
O projeto prevê que, independentemente da punição definida ao menor, ele, ao completar 18 anos, passará por uma avaliação judicial, que determinará se será solto ou se cumprirá o resto da medida no sistema prisional.
Mesmo que vá para uma penitenciária, o jovem, ao cumprir o período de internação, sairá com ficha "limpa" -isto é, continuará sem antecedentes criminais.
O governador também sugeriu mudança na lei que define o crime de corrupção de menores. Atualmente, quem induz menor ao crime ou com ele pratica infração penal está sujeito a pena de um a quatro anos de prisão. Pela proposta de Alckmin, a pena passa para dois a oito anos. O objetivo, disse o governador, é evitar o aliciamento de adolescentes por quadrilhas.
O presidente da Câmara disse que formará uma comissão para apreciar projetos em tramitação na Casa sobre o tema, a maioria a favor da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos.
João Paulo concordou com as sugestões feitas por Alckmin de mudanças no ECA, mas criticou a redução da maioridade penal e questionou sua viabilidade.
O debate sobre a redução da maioridade penal e as alterações no estatuto foi impulsionado pelo assassinato do casal de estudantes Felipe Silva Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16, no início do mês, em Embu-Guaçu (Grande SP).


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