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SEGURANÇA
Proposta do governador Geraldo Alckmin também prevê que infrator seja transferido para presídio ao completar 18 anos
Projeto amplia prazo de internação de menor
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A proposta de mudança no ECA
(Estatuto da Criança e do Adolescente) feita pelo governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), prevê que os menores
que cometerem "atos infracionais
praticados com violência ou grave
ameaça à pessoa" possam ficar até
dez anos internados.
A proposta, entregue ontem ao
presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT), sugere que os infratores fiquem internados por até oito anos, mas,
em caso de reiteração -quando o
menor comete mais de um crime
considerado violento-, a punição poderá ser ampliada para dez
anos. O projeto também autoriza
a transferência de infratores, ao
completarem 18 anos, para o sistema penitenciário.
Pelo ECA, criado há 13 anos,
adolescentes infratores podem ficar na Febem, cumprindo medidas socioeducativas, por até três
anos. A duração da internação depende de avaliações semestrais
realizadas por psicólogos, promotores e juízes da infância.
Segundo o secretário estadual
da Educação, Gabriel Chalita
-cuja pasta é responsável pela
Febem-, a eventual ampliação
da internação deverá atingir infratores que cometerem crimes
hediondos: "Dificilmente um menor condenado por roubo ficará
oito anos internado. A medida é
para uma exceção, uma parte pequena dos adolescentes que comete homicídios e latrocínios".
No entanto, segundo o secretário estadual da Justiça, Alexandre
de Moraes, a proposta é mais
abrangente. "Roubo com uso de
arma é uma grave ameaça à pessoa, portanto também entra na
internação por até oito anos",
afirmou. O secretário ressalta, porém, que o tempo de internação
será decidido por um juiz da Vara
da Infância e Juventude, baseado
em uma avaliação do menor.
A proposta defendida por Alckmin pode ampliar o período de
internação de dois terços dos
6.705 internos da Febem: 54,9%
respondem por roubo qualificado, 8,5% por homicídio doloso e
3,2% por latrocínio.
Ficha limpa
O projeto prevê que, independentemente da punição definida
ao menor, ele, ao completar 18
anos, passará por uma avaliação
judicial, que determinará se será
solto ou se cumprirá o resto da
medida no sistema prisional.
Mesmo que vá para uma penitenciária, o jovem, ao cumprir o
período de internação, sairá com
ficha "limpa" -isto é, continuará
sem antecedentes criminais.
O governador também sugeriu
mudança na lei que define o crime
de corrupção de menores. Atualmente, quem induz menor ao crime ou com ele pratica infração
penal está sujeito a pena de um a
quatro anos de prisão. Pela proposta de Alckmin, a pena passa
para dois a oito anos. O objetivo,
disse o governador, é evitar o aliciamento de adolescentes por
quadrilhas.
O presidente da Câmara disse
que formará uma comissão para
apreciar projetos em tramitação
na Casa sobre o tema, a maioria a
favor da redução da maioridade
penal de 18 para 16 anos.
João Paulo concordou com as
sugestões feitas por Alckmin de
mudanças no ECA, mas criticou a
redução da maioridade penal e
questionou sua viabilidade.
O debate sobre a redução da
maioridade penal e as alterações
no estatuto foi impulsionado pelo
assassinato do casal de estudantes
Felipe Silva Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16, no início do mês, em
Embu-Guaçu (Grande SP).
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