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SEGURANÇA
Um dos responsáveis pela elaboração do ECA é favorável a mudanças em estatuto, mas critica proposta de Alckmin
Procurador defende mudança "sem paixão"
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos responsáveis pela elaboração do Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA), o procurador de Justiça Paulo Afonso Garrido de Paula defende a revisão da
legislação sobre menores, "mas
com uma discussão séria e desapaixonada".
Garrido de Paula criticou o projeto de lei entregue ontem pelo
governador Geraldo Alckmin ao
presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP).
"O governo está utilizando a estratégia do desfocamento, isto é,
ele quer esconder sua omissão
contumaz e histórica no enfrentamento à criminalidade juvenil."
Para o procurador, o projeto de
Alckmin "é uma forma disfarçada
de reduzir a maioridade penal".
Garrido de Paula afirma que o governo do Estado de São Paulo está
se "aproveitando de um justo sentimento de revolta da população".
"Descumprimento do ECA"
Os críticos ao projeto de Alckmin dizem que o governo estadual descumpre o ECA ao não separar infratores por idade, tipo físico e gravidade do ato infracional, não adotar medidas socioeducativas e não promover o internamento em unidades pequenas.
O procurador também disse
que, se o projeto for aprovado do
jeito que está, a lei irá punir com
internação de oito a dez anos não
apenas os adolescentes que praticarem homicídios ou latrocínios
(matar para roubar), mas também os que praticarem roubos.
O promotor da Infância e Juventude Wilson Tafner é outro
que criticou a intenção do governador. "O que se está fazendo é
pegar a exceção e, a partir daí,
transformá-la em regra." Tafner
disse que "a maioria dos internos
está na Febem por causa de crimes contra o patrimônio". Segundo a Febem, 54,9% estão internados porque cometeram roubo
qualificado, 10,6%, tráfico, 8,5%,
homicídio e 3,2%, latrocínio.
O promotor afirmou que "desde 1999 o governo do Estado já
vem enviando jovens para prisões". Lembrou os casos das cadeias de Pinheiros e de Santo André, para onde foram enviados
800 adolescentes naquele ano e
também criticou o governo do Estado por "não cumprir o ECA".
"Falta de discussão"
Já Ariel de Castro Alves, coordenador do grupo da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil, seção
São Paulo) que cuida da implantação do ECA, as propostas de
Alckmin "não trazem novidades", afirmando que iniciativas
para aumentar o tempo de internação tramitam no Congresso.
"São Paulo não é o Estado com
maior autoridade para fazer uma
proposta como esta." Alves criticou, sobretudo, a "falta de discussão". Para ele, a matéria deveria
ter sido discutida com as associações de magistrados e promotores e também com a OAB.
Ele, entretanto, destacou um
ponto positivo no projeto de
Alckmin. "Com essa iniciativa do
governador, está praticamente
descartada a possibilidade de redução da maioridade penal."
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