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Acusado de matar ex-namorada nega crime
Renato Correia de Brito e dois amigos disseram, no 2º dia de julgamento, em Guarulhos, que confessaram sob tortura
Acusação afirma que irá apresentar hoje uma "prova surpresa" de que a morte de Vanessa Batista de Freitas, 22, foi cometida pelos três réus
BRUNA SANIELE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Interrogados ontem pelo juiz
Leandro Jorge Bittencourt Cano, o mesmo que os manteve na
prisão por dois anos, Renato
Correia de Brito, 24, William
César de Brito Silva, 28, e Wagner Conceição da Silva, 25, réus
no processo pelo assassinato de
Vanessa Batista de Freitas, 22,
alegaram inocência e reafirmaram que foram torturados por
policiais civis e militares de
Guarulhos (Grande São Paulo)
para confessar o crime.
Para a manhã de hoje, quando defesa e acusação começarão a travar o debate pela absolvição ou condenação a partir
das 8h30, o promotor Levy
Emanuel Magno afirma que vai
apresentar aos sete jurados
uma "prova surpresa" de que a
morte de Vanessa, em agosto
de 2006, foi cometida por mais
de uma pessoa e os três réus
são, de fato, os culpados.
Magno não quis revelar na
noite de ontem qual é a tal
"prova surpresa".
No segundo dia de julgamento, 16 pessoas foram interrogadas -na terça-feira, outras nove. Duas dessas 16 pediram que
o plenário ficasse vazio para depor. O juiz Cano manteve em
sigilo o que ambas disseram.
Um dos 16 interrogados ontem foi o delegado Jackson Cesar Batista, do setor de homicídios de Guarulhos. Foi a segunda vez que ele falou no júri.
Isso aconteceu porque a primeira testemunha interrogada
ontem, o defensor público Luis
Eduardo de Toledo Coelho, disse que Leandro Basílio Rodrigues, 19, chamado pela polícia
de o "maníaco de Guarulhos",
afirmou ter sido torturado por
policiais para confessar a morte
de Vanessa, o que ele nega agora. Coelho disse também que o
delegado Batista o impediu de
falar com Rodrigues durante
dez dias.
Os três réus ficaram presos
entre agosto de 2006 e setembro deste ano e, como o delegado Batista disse ter obtido de
Rodrigues a confissão pela
morte de Vanessa, a Justiça os
libertou. Rodrigues foi preso
em agosto deste ano e é acusado pela morte de oito mulheres.
Em vários momentos do julgamento, o juiz Cano demonstrou austeridade quando o advogado Augusto Toletino, defensor dos réus, tentava contestar afirmações e perguntas
feitas pelo promotor Magno e
por seu assistente de acusação,
o advogado Eugênio Malavasi,
às testemunhas e aos réus.
Em um momento de tensão
ontem, o promotor Magno acusou duas testemunhas arroladas pela defesa dos três réus
-Rodrigo Cavalcanti Melo, ex-companheiro de cela dos acusados, e Emerson Ferreira da
Silva, cunhado de Wagner, de
cometer falso testemunho porque ambos não teriam apresentado a mesma versão de detalhes do momento da prisão e da
chegada dos três réus à prisão.
Segundo o promotor, Rodrigo se contradisse em relação a
detalhes das marcas de agressão que diz ter visto nos rapazes. Já Emerson desmentiu
versão anterior de que morava
na mesma casa que Wagner.
A Folha apurou que dos nove últimos julgamentos em que
vários dos jurados do caso participaram em Guarulhos, em
oito deles os jurados seguiram
a argumentação da Promotoria. Em cinco houve condenação e em três, absolvição. Só em
um caso, alguns dos jurados
não foram favoráveis ao Ministério Público.
Questionado ontem, o advogado Malavasi, assistente da
acusação, disse ter sido contratado pela família de Vanessa e
negou ter sido indicado para o
caso pelo delegado Paulo Roberto Poli Martins, um dos policiais investigados sob a suspeita de seviciar Renato, William e Wagner quando eles estavam no 1º DP de Guarulhos.
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