São Paulo, quinta-feira, 20 de novembro de 2008

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Acusado de matar ex-namorada nega crime

Renato Correia de Brito e dois amigos disseram, no 2º dia de julgamento, em Guarulhos, que confessaram sob tortura

Acusação afirma que irá apresentar hoje uma "prova surpresa" de que a morte de Vanessa Batista de Freitas, 22, foi cometida pelos três réus

BRUNA SANIELE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Interrogados ontem pelo juiz Leandro Jorge Bittencourt Cano, o mesmo que os manteve na prisão por dois anos, Renato Correia de Brito, 24, William César de Brito Silva, 28, e Wagner Conceição da Silva, 25, réus no processo pelo assassinato de Vanessa Batista de Freitas, 22, alegaram inocência e reafirmaram que foram torturados por policiais civis e militares de Guarulhos (Grande São Paulo) para confessar o crime.
Para a manhã de hoje, quando defesa e acusação começarão a travar o debate pela absolvição ou condenação a partir das 8h30, o promotor Levy Emanuel Magno afirma que vai apresentar aos sete jurados uma "prova surpresa" de que a morte de Vanessa, em agosto de 2006, foi cometida por mais de uma pessoa e os três réus são, de fato, os culpados.
Magno não quis revelar na noite de ontem qual é a tal "prova surpresa".
No segundo dia de julgamento, 16 pessoas foram interrogadas -na terça-feira, outras nove. Duas dessas 16 pediram que o plenário ficasse vazio para depor. O juiz Cano manteve em sigilo o que ambas disseram.
Um dos 16 interrogados ontem foi o delegado Jackson Cesar Batista, do setor de homicídios de Guarulhos. Foi a segunda vez que ele falou no júri.
Isso aconteceu porque a primeira testemunha interrogada ontem, o defensor público Luis Eduardo de Toledo Coelho, disse que Leandro Basílio Rodrigues, 19, chamado pela polícia de o "maníaco de Guarulhos", afirmou ter sido torturado por policiais para confessar a morte de Vanessa, o que ele nega agora. Coelho disse também que o delegado Batista o impediu de falar com Rodrigues durante dez dias.
Os três réus ficaram presos entre agosto de 2006 e setembro deste ano e, como o delegado Batista disse ter obtido de Rodrigues a confissão pela morte de Vanessa, a Justiça os libertou. Rodrigues foi preso em agosto deste ano e é acusado pela morte de oito mulheres.
Em vários momentos do julgamento, o juiz Cano demonstrou austeridade quando o advogado Augusto Toletino, defensor dos réus, tentava contestar afirmações e perguntas feitas pelo promotor Magno e por seu assistente de acusação, o advogado Eugênio Malavasi, às testemunhas e aos réus.
Em um momento de tensão ontem, o promotor Magno acusou duas testemunhas arroladas pela defesa dos três réus -Rodrigo Cavalcanti Melo, ex-companheiro de cela dos acusados, e Emerson Ferreira da Silva, cunhado de Wagner, de cometer falso testemunho porque ambos não teriam apresentado a mesma versão de detalhes do momento da prisão e da chegada dos três réus à prisão.
Segundo o promotor, Rodrigo se contradisse em relação a detalhes das marcas de agressão que diz ter visto nos rapazes. Já Emerson desmentiu versão anterior de que morava na mesma casa que Wagner.
A Folha apurou que dos nove últimos julgamentos em que vários dos jurados do caso participaram em Guarulhos, em oito deles os jurados seguiram a argumentação da Promotoria. Em cinco houve condenação e em três, absolvição. Só em um caso, alguns dos jurados não foram favoráveis ao Ministério Público.
Questionado ontem, o advogado Malavasi, assistente da acusação, disse ter sido contratado pela família de Vanessa e negou ter sido indicado para o caso pelo delegado Paulo Roberto Poli Martins, um dos policiais investigados sob a suspeita de seviciar Renato, William e Wagner quando eles estavam no 1º DP de Guarulhos.


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