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Ensino público tem 33 escolas modelo
Estudo do Unicef e da União listou instituições bem avaliadas na Prova Brasil e que apresentaram impacto no aprendizado da criança
Empenho dos professores
e projetos pedagógicos ligados ao cotidiano do aluno influem no resultado, de acordo com a pesquisa
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O dia de aprender fração na
aula de matemática vira uma
festa no pátio da escola municipal professor José Negri, em
Sertãozinho (SP). A matéria é
ensinada aos alunos por meio
da divisão de bolos, que eles
mesmos levam para o colégio.
Também foi criada uma moeda,
batizada de nick, para que eles
conheçam valores monetários.
São iniciativas como essas
que estão reunidas na pesquisa
inédita "Aprova Brasil - O Direito de Aprender", divulgada
ontem em Brasília. O trabalho
foi desenvolvido pelo Unicef
(Fundo das Nações Unidas para a Infância) em parceria com
Ministério da Educação e Inep
(Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais).
A partir de resultados da avaliação Prova Brasil, aplicada em
2005, o Inep selecionou 33 escolas estaduais e municipais de
ensino fundamental, que, além
de terem boas notas no exame,
apresentaram impacto no
aprendizado da criança. Para
isso, levou-se em conta os dados socioeconômicos da região
onde a instituição funciona.
Todas essas escolas localizadas em 14 Estados e no Distrito
Federal foram visitadas por
pesquisadores do Unicef para
analisar os motivos que levaram ao bom desempenho.
Em comum, aparecem quatro eixos como os que mais contribuíram para o desempenho
positivo: professores empenhados e capacitados; alunos
interessados e exigentes; projetos pedagógicos ligados ao cotidiano das crianças e gestão democrática, com o envolvimento da comunidade e dos pais.
"A escola não é um depósito.
A família é a base. Se a família
não vai à escola, a criança não
evolui", diz Maria Teresa da
Cruz, do conselho da escola Casa Meio Norte, em Teresina
(PI). O depoimento dela compõe um pequeno documentário
apresentado no lançamento do
estudo. Na pesquisa foram ouvidos depoimentos de professores, diretores, conselhos escolares, pais e alunos.
"O estudo procurou encontrar não só as melhores escolas,
mas também aquelas em que o
direito de cada criança a aprender é respeitado. Percebemos
que essas escolas desenvolveram projetos pedagógicos simples, criativos e ousados", diz a
representante do Unicef no
Brasil, Marie-Pierre Poirier.
Já a consultora de educação
do Unicef e coordenadora da
pesquisa, Maria de Salete Silva,
diz que um dos pontos que chamaram a atenção é o fato de a
infra-estrutura não ter sido incluída entre as prioridades.
"Há demandas por infra-estrutura, mas dentro de projetos
pedagógicos que a escola desenvolve. Os alunos pedem
quadra de esporte, por exemplo, quando já têm algum tipo
de aula com essa demanda."
Outro exemplo são bons projetos de leitura, desenvolvidos
mesmo que a unidade não tenha uma biblioteca.
Quando se trata de professores, ela diz que planos de carreira e projetos de capacitação são
citados como importantes. Mas
em Uarini (AM) a remuneração
chamou atenção: professores
chegam a ganhar mais de R$
1.000 -a média no país varia de
R$ 500 a R$ 800 mensais.
Já no Centro Educacional 3,
do Guará, no Distrito Federal,
os alunos têm um cartão magnético, que é entregue no início
da aula para controle de freqüência e devolvido no final do
período. Os atrasos, mesmo
que de cinco minutos, são anotados. Quando os atrasos viram
rotina, os pais são chamados.
Para a representante do Unicef, os resultados não devem
ser vistos como "uma receita
pronta para o sucesso, mas sim
uma inspiração para educação
pública de qualidade".
Os principais resultados do
estudo estão na internet
(www.unicef.org.br).
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