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Busca por engenharia cresce, mas falta vaga
Dados do MEC sobre curso de engenharia civil revelam descompasso num momento em que a construção civil vive "apagão" de mão de obra
Haverá falta de profissionais
da área no país em 2010, diz
estudo; faculdades privadas
pediram ajuda ao governo
para abrir mais vagas
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
De um lado, falta de profissionais formados no mercado
de trabalho. Do outro, candidatos interessados na formação,
mas sem vagas suficientes. Assim está o panorama da engenharia civil no país.
Dados do Ministério da Educação mostram que o número
de alunos que prestaram vestibular para a área cresceu 86%
em três anos (o número mais
recente, divulgado mês passado, é de 2008). Já as vagas subiram em ritmo menor: 49,6%.
Com o descompasso, a relação de candidatos por vaga chegou a 3,5 no sistema como um
todo, mas subiu para 8,4 considerando só as universidades
públicas, onde a diferença nos
indicadores foi mais acentuada.
Na Unicamp, por exemplo, 27,4
alunos disputam uma vaga.
A incapacidade do ensino superior de absorver interessados
na área ocorre num momento
em a construção civil já vive um
"apagão" de mão de obra.
Estudo da FGV Projetos e da
Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção
mostra que haverá falta de profissionais na área em 2010, por
conta do reaquecimento da
economia. Com isso, surge a
necessidade de obras de infraestrutura, como ampliação
de estradas. O país sediará ainda Copa do Mundo e Olimpíadas, o que exigirá mais obras.
Também há procura de profissionais para explorar o pré-sal e
para o mercado imobiliário.
Ajuda
A discussão no setor educacional é como aumentar as vagas. O setor privado, que oferece 70% dos postos na engenharia civil, pede ajuda ao governo.
A alegação é que abrir vagas
em engenharia civil sai caro.
Segundo o Centro Universitário da FEI (ABC paulista), a
construção de um laboratório
custa R$ 2 milhões, ou quase
1.500 mensalidades, num curso
com 900 estudantes ao ano.
"Devido à queda na procura
pelas vagas nas décadas passadas, quando o crescimento do
país foi pequeno, muitas instituições têm receio de ampliar",
diz Rodrigo Capelato, diretor
do Semesp (sindicato das universidades privadas de SP). "É
uma área prioritária; a ampliação deveria ser puxada pelo setor público."
O MEC diz já estar em andamento um programa para expandir as vagas nas universidades federais, rede com a maior
concorrência pelas vagas.
Batizado de Reuni, o projeto
prevê dobrar os postos nas instituições federais até 2018, considerando todos os cursos.
A secretária de Ensino Superior do governo Lula, Maria
Paula Dallari, diz haver prioridade para formar professores
da educação básica e engenharias. Ainda não há balanço da
expansão, iniciada em 2008.
Além da necessidade de recursos, as faculdades veem outro problema para expandir.
"O mercado está muito aquecido. Poucos preferem lecionar", afirma o reitor do Instituto Mauá de Tecnologia, Otávio
de Mattos Silvares.
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