São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009

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Busca por engenharia cresce, mas falta vaga

Dados do MEC sobre curso de engenharia civil revelam descompasso num momento em que a construção civil vive "apagão" de mão de obra

Haverá falta de profissionais da área no país em 2010, diz estudo; faculdades privadas pediram ajuda ao governo para abrir mais vagas

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

De um lado, falta de profissionais formados no mercado de trabalho. Do outro, candidatos interessados na formação, mas sem vagas suficientes. Assim está o panorama da engenharia civil no país.
Dados do Ministério da Educação mostram que o número de alunos que prestaram vestibular para a área cresceu 86% em três anos (o número mais recente, divulgado mês passado, é de 2008). Já as vagas subiram em ritmo menor: 49,6%.
Com o descompasso, a relação de candidatos por vaga chegou a 3,5 no sistema como um todo, mas subiu para 8,4 considerando só as universidades públicas, onde a diferença nos indicadores foi mais acentuada. Na Unicamp, por exemplo, 27,4 alunos disputam uma vaga.
A incapacidade do ensino superior de absorver interessados na área ocorre num momento em a construção civil já vive um "apagão" de mão de obra.
Estudo da FGV Projetos e da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção mostra que haverá falta de profissionais na área em 2010, por conta do reaquecimento da economia. Com isso, surge a necessidade de obras de infraestrutura, como ampliação de estradas. O país sediará ainda Copa do Mundo e Olimpíadas, o que exigirá mais obras. Também há procura de profissionais para explorar o pré-sal e para o mercado imobiliário.

Ajuda
A discussão no setor educacional é como aumentar as vagas. O setor privado, que oferece 70% dos postos na engenharia civil, pede ajuda ao governo.
A alegação é que abrir vagas em engenharia civil sai caro. Segundo o Centro Universitário da FEI (ABC paulista), a construção de um laboratório custa R$ 2 milhões, ou quase 1.500 mensalidades, num curso com 900 estudantes ao ano.
"Devido à queda na procura pelas vagas nas décadas passadas, quando o crescimento do país foi pequeno, muitas instituições têm receio de ampliar", diz Rodrigo Capelato, diretor do Semesp (sindicato das universidades privadas de SP). "É uma área prioritária; a ampliação deveria ser puxada pelo setor público."
O MEC diz já estar em andamento um programa para expandir as vagas nas universidades federais, rede com a maior concorrência pelas vagas.
Batizado de Reuni, o projeto prevê dobrar os postos nas instituições federais até 2018, considerando todos os cursos.
A secretária de Ensino Superior do governo Lula, Maria Paula Dallari, diz haver prioridade para formar professores da educação básica e engenharias. Ainda não há balanço da expansão, iniciada em 2008.
Além da necessidade de recursos, as faculdades veem outro problema para expandir.
"O mercado está muito aquecido. Poucos preferem lecionar", afirma o reitor do Instituto Mauá de Tecnologia, Otávio de Mattos Silvares.


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