São Paulo, Sexta-feira, 21 de Janeiro de 2000


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MORTE NA USP
Decisão final sobre a morte de ex-calouro Edison Hsueh depende ainda de avaliação jurídica
Relatório absolve envolvidos em trote

da Reportagem Local

Relatório elaborado pela comissão processante criada pela USP (Universidade de São Paulo) absolveu os quatro estudantes acusados de envolvimento na morte de Edison Hsueh, que ocorreu em fevereiro do ano passado.
A conclusão do relatório não é a posição final da universidade em relação ao caso. O documento está sendo examinado pelo Departamento Jurídico da USP. Só depois que a avaliação for concluída a direção da universidade vai tomar uma posição definitiva quanto à punição dos estudantes. "Já houve casos em que a decisão da universidade foi diferente da de relatórios", diz a pró-reitora de Graduação da USP, Ada Pellegrini Grinover.
Edison era calouro de medicina da USP e foi encontrado morto na piscina da associação atlética da Faculdade de Medicina na manhã seguinte ao trote e a um churrasco de recepção aos alunos que ingressaram em 99.
Os quatro estudantes continuam sendo investigados por suspeita de terem praticado trote violento contra Edison. São eles: Frederico Carlos Jana Neto, o Ceará, Guilherme Novita Garcia, Alfonso Augusto Massaguer e Luís Eduardo Passareli Tirico.
No ano passado, Ceará chegou a ficar preso durante alguns dias por suspeita de envolvimento na morte de Edison, após ter dito em um vídeo amador, feito durante uma festa, que era o responsável pela morte do colega. Ele foi liberado por falta de provas.
Segundo a pró-reitora, a comissão concluiu que, embora a atitude e a ação dos rapazes sejam reprováveis, elas seguiram a conduta que prevalecia entre os estudantes. Ou seja, tudo o que eles fizeram durante a festa e o trote era comum no meio em que eles se encontravam, por isso foram considerados inocentes.
São quatro os tipos de punição a que eles estão sujeitos: advertência verbal, repreensão por escrito, suspensão e expulsão.
Mesmo Ceará, que se formou no final do ano passado, está sujeito às punições porque ainda faz residência na USP, segundo Ada. "Mas isso não tem nada a ver com a vida acadêmica dele. Seu diploma continua valendo."
O caso também está sendo investigado pela polícia e pelo Ministério Público. A promotora Eliana Passarelli não quis fazer comentários até conhecer o teor completo do relatório. A Folha tentou, sem sucesso, contato por telefone com um dos advogados de Ceará, Ricardo Toledo.
O pai do estudante Edison não ficou satisfeito com o resultado do relatório. "A USP está enrolando até agora. Meu filho morreu de quê? Até agora eu não sei", diz Feng Ming Hsueh.
Hsueh diz acreditar que alguém matou o garoto durante a festa. Por isso, espera que o responsável seja descoberto e punido.
Para ele, a universidade tem um papel fundamental, pois acredita que o posicionamento final da USP no caso deverá influenciar o andamento e o teor das investigações na polícia e no Ministério Público. "Quero ver se a USP vai ajudar a fazer justiça"
O pai de Edison diz que acha que existem muitos detalhes na história que estão sendo deixados de lado, principalmente no que se refere à conduta dos estudantes durante a festa realizada na USP.


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