São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 2001

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URBANISMO

Moradores da zona sul de São Paulo cobram, no Pacaembu, atenção da prefeitura para problemas da periferia

Jovens protestam na "operação Belezura"
Caio Guatelli/Folha Imagem
Grupo de jovens da zona sul, usando camisetas manchadas de vermelho, protesta contra violência na periferia



DA REPORTAGEM LOCAL

A "operação Belezura" da Prefeitura de São Paulo foi marcada ontem por um protesto de jovens da zona sul da cidade, cobrando a atenção da administração para os problemas da periferia.
O mutirão começou ontem pelo Pacaembu, bairro nobre da zona sudoeste, com a presença da prefeita Marta Suplicy (PT). A prefeitura reuniu voluntários e funcionários municipais para pintar o muro do estádio, podar árvores, capinar matos e limpar ruas.
"É um equívoco começar a limpeza numa área que menos precisa. Queremos que a "belezura" vá para a periferia em todos os sentidos, principalmente para varrer a violência", disse Luiz Carlos dos Santos, 44, coordenador do Movimento Tome uma Atitude Zona Sul pela Não-Violência.
Cerca de cem jovens, de 12 a 25 anos, da Capela do Socorro (zona sul), participaram do ato. Parte deles usou camisetas manchadas de tinta vermelha, como se fosse sangue. Com armas de brinquedo e cruzes de madeira, eles permaneceram estendidos no chão.
"Estou no 19º dia (de administração), começo o projeto no Pacaembu, que é um marco da cidade, e a turma já quer que eu atenda a região deles. Calma, vai tudo com calma", disse Marta.
A prefeita admitiu que não vai fazer operações como essa todos os finais de semana, como a administração havia anunciado antes. "A nossa idéia era limpar alguma coisa toda a semana. Nós poderíamos começar (as operações), mas, se não houver continuidade, ficaria um factóide idiota."
O número de voluntários não foi suficiente para acabar com o estoque de camisetas brancas distribuídas gratuitamente. Das mil disponíveis, apenas 600 haviam sido distribuídas para funcionários e voluntários até as 11h.
Ao ajudar no trabalho, Marta cometeu uma gafe ao pintar de bege, junto com crianças, a entrada para deficientes (que tem colunas azuis e símbolo de acesso). Parte já estava pintada quando Marta foi alertada da proibição.
"Vocês me picham de tudo que pensei, como vim de camiseta, que iriam dizer que era o Collor (Fernando Collor)", disse Marta, ao ser questionada se não estaria adotando a política de factóides do ex-prefeito Jânio Quadros.
Marta foi embora às 12h42. A previsão era que a operação durasse até as 17h, mas os voluntários também deixaram o Pacaembu pouco depois.


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