|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HABITAÇÃO
Moradores protestaram, mas não houve confronto; edifício, que é do Estado, será destinado a pessoas que vivem em cortiço
Famílias deixam prédio ocupado há 4 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Após quatro anos e oito meses
de ocupação, 97 famílias foram
despejadas ontem do edifício Almeida, na esquina da rua Ana
Cintra com a avenida São João,
em Campos Elíseos (região central de São Paulo). A reintegração
de posse ocorreu sob protestos
das cerca de 500 pessoas que moravam no local, mas não houve
confrontos com a Polícia Militar.
O prédio de dez andares pertence à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), do Estado, que pretende reformar e destinar os apartamentos a 70 famílias que moram
em cortiços no centro. A companhia diz que há 18 meses obteve a
reintegração, mas prorrogou a
ação atendendo a pedidos das famílias. Em maio de 99, o prédio
foi ocupado por militantes do Fórum dos Cortiços e, em 2002, por
integrantes do MSTC (Movimento dos Sem-Teto do Centro).
Dessa vez, o aviso foi dado há
três meses, mas ontem as famílias
ainda tinham esperança de permanecer no local, segundo Ivaneti Araújo, do MSTC. Pela manhã,
diante de 20 caminhões da CDHU
e cerca de 180 policiais, os moradores fizeram uma "barricada"
com móveis e madeira.
Revoltados, alguns sem-teto
xingaram e ameaçaram agredir o
superintendente da CDHU, Fernando Batistiuzzo.
"O governo resolveu comemorar os 450 anos de São Paulo colocando 500 pessoas na rua", disse
Araújo. A principal reclamação
das famílias é a falta de acesso aos
programas de crédito para habitação, já que que eles dizem não
ter renda para obter o benefício.
"Essas famílias estão em situação irregular, de insegurança. Estamos procurando soluções para
elas. Nosso programa é acabar
com o cortiço e dar habitação digna para as pessoas", disse ontem o
governador Geraldo Alckmin.
Há quatro anos, o artista plástico Eusenir Moura, 34, ocupou o
prédio com sua mulher e quatro
filhos. Ontem, ele deixou com
tristeza o apartamento. "Vamos
para a rua", disse Moura.
Ontem, a CDHU se comprometeu a dar durante um mês R$ 300
para cada família pagar um aluguel e a prefeitura disponibilizou
três hotéis na região central. Após
esse período, as famílias serão beneficiadas pelo programa bolsa-aluguel, aprovado na semana passada pela Câmara. O projeto, que
falta ser regulamentado, prevê
um subsídio mensal para aluguel
de até R$ 300 durante 30 meses.
A reintegração prejudicou o
trânsito nas imediações da Ana
Cintra, mas não foi registrada lentidão. A avenida São João ficou interditada entre as ruas General
Osório e Helvétia.
Texto Anterior: Há 50 anos: Tensão entre França e Espanha Próximo Texto: SP 450: Evento gratuito tem dentista e teatro na USP Índice
|