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CARNAVAL
Carnavalesco Joãosinho Trinta, do Rio, levará para a avenida o enredo "Vamos Vestir a Camisinha, Meu Amor"
Justiça deve intervir em desfile, diz arcebispo
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO
O arcebispo do Rio, dom Eusébio Scheid, disse ontem, após rezar uma missa em homenagem a
São Sebastião, padroeiro da capital fluminense, que "a Justiça deve
intervir" se as escolas de samba
forem mostrar na Marquês de Sapucaí alguma "cena indecorosa e
inaceitável".
Ele referia-se à escola Acadêmicos do Grande Rio, que trará um
enredo sobre o uso de preservativos intitulado "Vamos Vestir a
Camisinha, Meu Amor".
O carnavalesco Joãosinho Trinta promete levar à avenida um
carro alegórico com esculturas gigantes que simulam posições sexuais do Kama Sutra (livro indiano milenar que descreve posições
sexuais).
O carro abre-alas mostrará
Adão e Eva tendo relações sexuais
no Paraíso, e a comissão de frente
será inspirada no quadro "O Jardim das Delícias", de Bosch.
As fantasias também terão temática sexual. As roupas do casal
de mestre-sala e porta-bandeira
serão todas feitas com preservativos. Uma das alas, que tem cerca
de cem componentes, simulará as
posições do Kama Sutra.
D. Eusébio disse que o Carnaval
está muito distante e que ainda
não conhece o conteúdo dos
enredos. Por isso não pode afirmar que a arquidiocese entrará
com algum recurso judicial para
impedir o desfile da alegoria.
"Mas, se for para desacreditar o
Carnaval perante o mundo, através de uma cena indecorosa e inaceitável, naturalmente eu acho
que a Justiça deve intervir", disse.
Para ele, "imagens indecentes estragam a festa e perturbam a paz".
Ano passado
No desfile do ano passado, as
manifestações contrárias da igreja
fizeram com que a Beija-Flor deixasse de mostrar a alegoria de um
Cristo armado, que duelaria com
o Diabo. O duelo terminaria com
uma menina de rua ferida por
uma bala perdida.
Na ocasião, dom Eusébio se manifestou a favor da aplicação da lei
estadual 3.507, que prevê a desclassificação das escolas "que praticarem vilipêndio ou escárnio a
valores religiosos".
O carnavalesco Joãosinho Trinta não foi encontrado ontem pela
reportagem para comentar a declaração do arcebispo.
No domingo, em entrevista à
Folha, ao ser questionado sobre a
opinião da Igreja Católica, respondeu: "Se houver alguma censura, iremos encará-la como um
ato nazista".
A Riotur (empresa municipal
de turismo) e a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba)
disseram que não irão se pronunciar sobre o assunto.
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