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Processo é muito obscuro, diz paciente
DA SUCURSAL DO RIO
O professor Fábio de Oliveira,
28, decidiu procurar um doador
de medula óssea por conta própria por achar que os critérios de
prioridade na lista de exames não
eram claros. Ele afirma ter se cadastrado na lista de pacientes à espera da realização dos exames para busca de um doador há sete
anos, quando descobriu que estava com leucemia.
Após quatro anos de espera sem
retorno, ele decidiu fazer uma
campanha para arrecadar recursos suficientes para iniciar a busca
por doadores em bancos de dados
de todo o mundo por conta própria. "Estou há sete anos cadastrado e nunca me chamaram para fazer a pesquisa de compatibilidade. O processo é muito obscuro. A
gente nunca sabe quantas pessoas
estão na nossa frente e qual a estimativa de quando vamos ser chamados", afirma Oliveira.
Ele conta que conseguiu arrecadar US$ 20 mil para iniciar a busca de doadores em bancos de dados de outros países. "Muitas pessoas me ajudaram, e consegui arrecadar esse dinheiro. Por enquanto, no entanto, a busca tem
sido infrutífera", afirma Oliveira.
Ele conta que o processo é caro
porque envolve exames sofisticados que têm de ser feitos em vários possíveis doadores até achar
um doador compatível. Outro fator que dificulta essa busca, no caso de brasileiros, é que o registro
de doadores no Brasil é pequeno.
"Eu tenho origem italiana, e
meu avô é africano. Por causa
dessa miscigenação racial, fica
mais difícil encontrar um doador
com característica genética parecida em outros países. Nos EUA,
há seis milhões de pessoas registradas no banco de doadores. No
Brasil, há apenas 60 mil", afirma.
"O governo precisa incentivar
uma campanha de cadastro de
doadores no Brasil. Quando me
inscrevi no Redome [Registro Nacional de Doadores de Medula
Óssea], havia apenas 8.000 doadores. Hoje, são 60 mil, mas ainda
é muito pouco. O exame inicial
para identificar o doador custa R$
150. Com R$ 15 milhões, poderíamos chegar facilmente a mais 100
mil pessoas", afirma.
Após achar um doador perfeitamente compatível, Oliveira terá
ainda de arcar com mais custos
caso continue fazendo o processo
fora do sistema público de saúde.
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