São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2004

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Processo é muito obscuro, diz paciente

DA SUCURSAL DO RIO

O professor Fábio de Oliveira, 28, decidiu procurar um doador de medula óssea por conta própria por achar que os critérios de prioridade na lista de exames não eram claros. Ele afirma ter se cadastrado na lista de pacientes à espera da realização dos exames para busca de um doador há sete anos, quando descobriu que estava com leucemia.
Após quatro anos de espera sem retorno, ele decidiu fazer uma campanha para arrecadar recursos suficientes para iniciar a busca por doadores em bancos de dados de todo o mundo por conta própria. "Estou há sete anos cadastrado e nunca me chamaram para fazer a pesquisa de compatibilidade. O processo é muito obscuro. A gente nunca sabe quantas pessoas estão na nossa frente e qual a estimativa de quando vamos ser chamados", afirma Oliveira.
Ele conta que conseguiu arrecadar US$ 20 mil para iniciar a busca de doadores em bancos de dados de outros países. "Muitas pessoas me ajudaram, e consegui arrecadar esse dinheiro. Por enquanto, no entanto, a busca tem sido infrutífera", afirma Oliveira.
Ele conta que o processo é caro porque envolve exames sofisticados que têm de ser feitos em vários possíveis doadores até achar um doador compatível. Outro fator que dificulta essa busca, no caso de brasileiros, é que o registro de doadores no Brasil é pequeno.
"Eu tenho origem italiana, e meu avô é africano. Por causa dessa miscigenação racial, fica mais difícil encontrar um doador com característica genética parecida em outros países. Nos EUA, há seis milhões de pessoas registradas no banco de doadores. No Brasil, há apenas 60 mil", afirma.
"O governo precisa incentivar uma campanha de cadastro de doadores no Brasil. Quando me inscrevi no Redome [Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea], havia apenas 8.000 doadores. Hoje, são 60 mil, mas ainda é muito pouco. O exame inicial para identificar o doador custa R$ 150. Com R$ 15 milhões, poderíamos chegar facilmente a mais 100 mil pessoas", afirma.
Após achar um doador perfeitamente compatível, Oliveira terá ainda de arcar com mais custos caso continue fazendo o processo fora do sistema público de saúde.


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