São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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Contran quer medir sonolência de motoristas profissionais

Proposta pode ser votada nas próximas semanas e deve enfrentar resistências

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) deverá tornar obrigatório um exame para medir a sonolência entre os motoristas que vão tirar ou renovar a habilitação nas categorias C, D e E -exigidas para dirigir, por exemplo, ônibus ou caminhão.
A proposta já foi preparada por uma câmara técnica do órgão para ser votada nas próximas semanas pelo conselho, integrado por vários ministérios. O objetivo é reduzir os acidentes provocados pelos condutores que dormem no volante.
A exigência é vista com bons olhos por especialistas, mas deve enfrentar resistências entre os motoristas atingidos. Primeiro porque torna mais rígida a retirada da carteira nessas categorias. Segundo porque isso tende a aumentar os gastos.
O Brasil tem mais de 5,8 milhões de condutores com esses três tipos de habilitação.
Pela proposta da câmara técnica do Contran, a avaliação inicial da condição do motorista deve ter como base alguns dados objetivos de hipertensão arterial, índice de massa corpórea e perímetro cervical, além de outros questionários subjetivos para aferir a sonolência.
Quem tiver esses indicadores apontando para a possibilidade de distúrbio de sono poderá passar por uma avaliação específica e por um exame mais demorado -a polissonografia (feita enquanto a pessoa dorme, por meio de sensores colocados na superfície da pele).
Nesses casos, para tirar ou renovar a habilitação, a idéia é que seja obrigatória a apresentação de laudo médico comprovante a ausência de distúrbio do sono ou a realização de um tratamento especializado.
José Montal, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), considera a proposta um "avanço".
"Os motoristas profissionais, que ficam mais de oito horas por dia dirigindo, estão mais suscetíveis a dormir no trânsito", afirma ele.
Há diversos estudos que já relacionaram os acidentes com a sonolência dos motoristas. Numa pesquisa de um professor da Unifesp, 16% dos 400 motoristas de ônibus rodoviários entrevistados admitiam ter dormido ao volante e 52% afirmavam conhecer um colega de trabalho nessa situação.
A minuta de resolução da câmara temática também sugere outras alterações nas regras dos exames de aptidão física, mental e psicológica para os candidatos à habilitação.
Entre elas, detalhamentos técnicos para padronizar a avaliação psicológica de acordo com resoluções do Conselho Federal de Psicologia e a possibilidade de os condutores requererem a instauração de junta médica ou psicológica aos órgãos de trânsito para reavaliação dos resultados dos exames.


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