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Contran quer medir sonolência
de motoristas profissionais
Proposta pode ser votada nas próximas semanas e deve enfrentar resistências
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) deverá tornar
obrigatório um exame para medir a sonolência entre os motoristas que vão tirar ou renovar a
habilitação nas categorias C, D
e E -exigidas para dirigir, por
exemplo, ônibus ou caminhão.
A proposta já foi preparada
por uma câmara técnica do órgão para ser votada nas próximas semanas pelo conselho, integrado por vários ministérios.
O objetivo é reduzir os acidentes provocados pelos condutores que dormem no volante.
A exigência é vista com bons
olhos por especialistas, mas deve enfrentar resistências entre
os motoristas atingidos. Primeiro porque torna mais rígida
a retirada da carteira nessas categorias. Segundo porque isso
tende a aumentar os gastos.
O Brasil tem mais de 5,8 milhões de condutores com esses
três tipos de habilitação.
Pela proposta da câmara técnica do Contran, a avaliação
inicial da condição do motorista deve ter como base alguns
dados objetivos de hipertensão
arterial, índice de massa corpórea e perímetro cervical, além
de outros questionários subjetivos para aferir a sonolência.
Quem tiver esses indicadores
apontando para a possibilidade
de distúrbio de sono poderá
passar por uma avaliação específica e por um exame mais demorado -a polissonografia
(feita enquanto a pessoa dorme, por meio de sensores colocados na superfície da pele).
Nesses casos, para tirar ou
renovar a habilitação, a idéia é
que seja obrigatória a apresentação de laudo médico comprovante a ausência de distúrbio
do sono ou a realização de um
tratamento especializado.
José Montal, da Abramet
(Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), considera a
proposta um "avanço".
"Os motoristas profissionais,
que ficam mais de oito horas
por dia dirigindo, estão mais
suscetíveis a dormir no trânsito", afirma ele.
Há diversos estudos que já
relacionaram os acidentes com
a sonolência dos motoristas.
Numa pesquisa de um professor da Unifesp, 16% dos 400
motoristas de ônibus rodoviários entrevistados admitiam
ter dormido ao volante e 52%
afirmavam conhecer um colega
de trabalho nessa situação.
A minuta de resolução da câmara temática também sugere
outras alterações nas regras
dos exames de aptidão física,
mental e psicológica para os
candidatos à habilitação.
Entre elas, detalhamentos
técnicos para padronizar a avaliação psicológica de acordo
com resoluções do Conselho
Federal de Psicologia e a possibilidade de os condutores requererem a instauração de junta médica ou psicológica aos órgãos de trânsito para reavaliação dos resultados dos exames.
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