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GOVERNO FEDERAL
Forma de concessão de certificados também será alterada; prerrogativa será transferida para o INSS
Entidades filantrópicas sofrerão devassa
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal começará a
partir de março uma devassa nas
350 maiores entidades filantrópicas do país, que serão beneficiadas neste ano com isenção previdenciária de R$ 1,526 bilhão. As
auditorias serão conduzidas pelo
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e pela Receita Federal.
Segundo o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, o total
de renúncia previdenciária concedida às filantrópicas em 2003
será igual a R$ 2,18 bilhões. "O objetivo da auditoria é separar o joio
do trigo", afirmou. Com a fiscalização, o governo espera reduzir o
volume de isenções já neste ano.
Além da devassa, o Ministério
da Previdência anunciou que está
pronto um projeto de lei que mudará a forma de concessão dos
certificados de filantropia. A idéia
é retirar essa prerrogativa do
CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social) e transferi-la para
o INSS.
A medida esvaziará o conselho,
que é composto por nove membros da sociedade civil e nove do
governo. "O conselho passará a
cuidar de políticas sociais e de
conceder o registro para as entidades", disse o secretário-executivo do ministério, Álvaro Sólon.
O registro para as entidades representa um dos passos necessários para a obtenção do certificado. Com validade de três anos, o
certificado é um dos requisitos
obrigatórios para a entidade adquirir o direito à isenção previdenciária e tributária.
De acordo com Sólon, o conselho sofre pressões das entidades
no processo de renovação ou concessão do certificado. Isso, na avaliação dele, tem colaborado para
dificultar processos de cassação
ou não-renovação de certificados.
"Não se trata de uma caça às
bruxas. O que nós precisamos é
estabelecer um maior controle social sobre essa renúncia", disse
Sólon. Ele acrescentou que, a partir de março, a lista das filantrópicas será disponibilizada na internet para consulta da população.
Sólon defende o fim da renúncia
previdenciária para as filantrópicas, mas ressalva que essa é uma
posição pessoal.
"O conselho é parte do governo
e parceiro do INSS, não existe
conflito. Não entendi o porquê
desse projeto", declarou o presidente do conselho, Antonio Brito.
Ele lembrou que, com a mudança
na estrutura do governo, o conselho agora não está mais ligado ao
Ministério da Previdência. Faz
parte do Ministério da Assistência
e Promoção Social.
Em 2001, o governo Fernando
Henrique Cardoso fez uma operação pente-fino nas 200 maiores
filantrópicas e descobriu que 20
grandes entidades não estavam
seguindo as regras da filantropia.
A LBV (Legião da Boa Vontade)
estava entre elas. Os casos foram
encaminhados ao CNAS, mas alguns ainda não foram concluídos.
As entidades recorrem a medidas
protelatórias das decisões e,
quando perdem no conselho,
apelam para a Justiça.
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