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CARNAVAL
Desfile do circuito Campo Grande/praça da Sé foi interrompido pelos bombeiros no final da tarde; chamas atingiram dois casarões
Incêndios atrapalham festa em Salvador
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Dois incêndios interromperam
ontem o Carnaval de Salvador em
dois de seus mais tradicionais circuitos -o Campo Grande e o Pelourinho (centro histórico). Uma
das interrupções aconteceu às
17h45 e a outra, às 19h. Os dois circuitos foram liberados por volta
das 22h20, mas voltaram a ser interditados em seguida.
Às 17h, aconteceu o primeiro
incêndio, em um casarão de três
andares, localizado a menos de
200 metros da passarela oficial da
folia baiana, o Campo Grande.
As chamas começaram na parte
superior do casarão, onde funcionava um camarote improvisado.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, cerca de 40 pessoas estavam no camarote quando surgiram as primeiras chamas.
Duas pessoas, entre elas uma
aposentada de 83 anos, foram resgatadas pelos bombeiros no parapeito de outro prédio, vizinho ao
atingido pelo fogo. Outras 15 utilizaram o telhado de um prédio vizinho como abrigo, enquanto esperavam pelo resgate.
Por determinação do Corpo de
Bombeiros, todo o desfile no circuito Campo Grande/praça da Sé,
o principal do Carnaval de Salvador, foi interrompido às 17h45. A
Emtursa (Empresa de Turismo de
Salvador) propôs um roteiro alternativo aos trios.
O outro incêndio, em outro casarão, começou às 19h, nas imediações da rua Saldanha da Gama,
no centro histórico. Os bombeiros tiveram dificuldades para
controlar as chamas -as ruas estreitas do Pelourinho dificultaram a entrada dos carros. A PM
isolou a área, impedindo o desfile
carnavalesco.
Candomblé
Antes dos incidentes, cerca de
1.500 pais, mães, filhos-de-santo e
adeptos do candomblé desfilaram
ontem em Salvador. "O terreiro
foi às ruas", disse o presidente da
Fenacab (Federação Nacional do
Culto Afro-Brasileiro), Aristides
Mascarenhas.
Os foliões entoaram cânticos do
candomblé, mas não realizaram
nenhuma cerimônia religiosa. "O
que nós queremos é lutar contra a
intolerância religiosa", disse Mascarenhas.
Respeitando a hierarquia da religião, o bloco foi dividido em
alas. Na primeira, ficaram as mães
e pais-de-santo, que exercem as
funções mais importantes dentro
de um terreiro. Depois vieram os
ogãs, as baianas e, finalmente, os
filhos-de-santo e as pessoas que
não são adeptas do candomblé,
mas convivem bem com a religião. Os pais e mães-de-santo que
dirigem os terreiros mais conhecidos de Salvador desfilaram em
cima de um trio elétrico.
Os participantes dos desfiles pagaram R$ 25 por uma camiseta
-nos blocos tradicionais, uma
fantasia custa cerca de R$ 600.
Ministro
Ao participar, na noite de anteontem, da abertura oficial do
Carnaval de Salvador, o ministro
Gilberto Gil (Cultura) não quis fazer nenhum comentário sobre a
demissão de Roberto Pinho, seu
amigo de infância. "Estou aqui
(em Salvador) como folião, só falo
da folia", disse Gil.
Há seis dias, Gil exonerou Pinho
da Secretaria de Desenvolvimento de Programas e Projetos. O ex-secretário, que nega as denúncias,
é acusado de irregularidades na
assinatura de um convênio entre
o ministério e o Instituto Brasil
Cultural.
Autor de "Viva o Povo Brasileiro", tema do Carnaval de Salvador, o escritor João Ubaldo Ribeiro também compareceu à abertura oficial da folia. "Estou me sentindo consagrado, é uma coisa indescritível", disse Ribeiro.
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