São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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Araken Peixoto e o pistom da família

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mito do irmão caçula não incomodava o músico Araken Peixoto, pois cada vez que ia aos shows de Cauby, recebia ele mesmo afagos no ego, de fãs apaixonadas por seu pistom -as mesmas que lhe renderam homenagens no enterro.
Araken nasceu em Niterói, em uma família de músicos. A mãe tocava bandolim e o pai, violão -sem falar do tio pianista e do primo cantor. Logo ele e os irmãos "caíram na batalha". Dos seis filhos, apenas Araci escapou. Moacir, o mais velho e pianista, "levou os outros pelo caminho da música".
Andiara virou cantora de samba em cassinos; Cauby descobriu a voz aveludada; Iracema até começou nos corais, antes de casar. Com Araken não seria diferente.
"Dizem que era muito bonito" quando tocava pistom na boate Drink, aberta com os irmãos, ou no seu Pub, espécie de piano-bar que não deu certo. Romântico, "andava sempre de mãos dadas", diz a viúva, que não esquece a canção "Dio Come Ti Amo".
Decidiu ser músico em São Paulo, onde ficou 26 anos tocando em quatro boates por noite "para pagar os estudos dos filhos". Tocava também em bailes, onde recebia dos fãs elogios aos discos conhecidos de jazz: "Um Piston Dentro da Noite", nacional e internacional.
Mas a saúde piorou, a diabetes avançou e temia até a amputação das pernas. Por isso aposentou-se e voltou para o Rio. Tinha três netos e três filhos -Adriana, cantora, seguiu seus passos.
Diz a família que tudo foi sereno quando morreu anteontem de infarto aos 77, no Rio. "Tomou um mingauzinho, sentou e morreu."


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