São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

Próximo Texto | Índice

Aprovação da escola pública na USP é a maior em 9 anos

Participação corresponde a 29,3% dos aprovados neste ano; índice é o maior ao menos desde 2001

Universidade ampliou a bonificação neste ano, que poderia render até 12% de vantagem em relação ao aluno da rede particular


Jorge Murata -18.set.2008/"Jornal da USP"
Vista da praça do Relógio, com prédio da antiga reitoria ao fundo

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A participação de estudantes formados na rede pública entre os aprovados no vestibular da USP aumentou 12,7% neste ano. O crescimento ocorreu após a universidade aumentar as bonificações a esses alunos no processo seletivo.
No vestibular para ingresso neste ano, 29,3% dos aprovados cursaram o antigo colegial na rede pública. No exame anterior, o percentual foi de 26%.
A participação do sistema público entre os aprovados neste ano é o maior desde ao menos 2001 (quando esteve em 24,6%), segundo o relatório da universidade que aborda apenas os últimos nove anos.
O período pode ser maior, pois só em 1992 o percentual ficou acima do patamar atual -chegou a 31,3%. Mas, como a metodologia usada era diferente, pode haver distorção.
As informações, às quais a Folha teve acesso, foram apresentadas anteontem pela pró-reitoria de graduação em reunião com representantes de unidades da universidade.
Considerada elitista e pressionada por movimentos sociais a adotar as cotas (reserva de vagas), a USP passou a conceder, há dois anos, 3% de acréscimo na nota do vestibular a alunos de escola pública. A instituição avaliou que o sistema de cotas era muito radical.
No primeiro ano do programa (2007), aumentou o percentual de aprovados dessa rede (foi de 24% para 26%).
Mas no exame seguinte houve estagnação no percentual, que ainda estava longe da meta estipulada pela reitora Suely Vilela, de chegar aos 30% -o sistema público representa 85% das matrículas no Estado.
Para o vestibular deste ano, a universidade ampliou a bonificação, que poderia render até 12% de vantagem dos alunos das escolas públicas em relação aos das particulares.
Além de manter os 3% iniciais, a USP criou uma prova exclusiva para os estudantes da rede pública, que, dependendo das questões acertadas, poderia render até outros 3%. Além disso, passou a dar até 6% adicionais com base na nota do Enem (bônus também proporcional ao desempenho).

Diversificação
A assessoria da USP disse que a reitoria não se pronunciaria ontem, pois a divulgação oficial dos dados será na próxima semana. Segundo a Folha apurou, a universidade avaliou os dados como positivos na reunião com as unidades.
"O aumento de alunos na rede pública é importante, pois traz mais diversidade ao alunado da USP", afirmou a pesquisadora Elizabeth Balbachevsky, do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas da USP.
"Mas não se pode esperar que a universidade resolva o problema de inclusão social. O Estado forma cerca de 500 mil alunos ao ano, e a USP oferece apenas 10 mil vagas. A massificação do ensino superior precisa ser feita por outras vias."
Balbachevsky cita como opção a maior utilização das vagas nas universidades privadas.
Apesar do aumento da participação dos alunos da rede pública entre os aprovados, caiu o interesse dessa rede para prestar o exame: de 32,9% para 31,3% em um ano. Além disso, a prova específica criada para os alunos da rede pública (a avaliação seriada) teve uma procura abaixo do esperado (cerca de 8.000 alunos, em uma rede que forma cerca de 500 mil alunos).


Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.