São Paulo, sexta, 21 de fevereiro de 1997. |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice TOLERÂNCIA ZERO No terceiro dia, Operação Centro revistou e prendeu mendigos que vivem embaixo do Minhocão PM faz ``arrastão'' contra moradores de rua
OTÁVIO CABRAL da Reportagem Local O terceiro dia da Operação Centro foi marcado por um ``arrastão'' da Polícia Militar contra mendigos que vivem sob o elevado Costa e Silva, o Minhocão. A operação, iniciada na terça-feira, tem como objetivo aumentar a segurança na região central de São Paulo. ``Recebemos muitas reclamações de que os mendigos que vivem nesse local assaltam pedestres e traficam drogas. Chegando aqui, confirmamos que as denúncias eram verdadeiras'', afirmou o tenente Márcio Santiago Higashi Couto, do 3º Batalhão de Policiamento de Choque. Apesar de haver detido menos suspeitos do que nos dias anteriores, a polícia considerou a ação de ontem a mais produtiva. Ontem, três pessoas foram presas em flagrante, contra cinco na véspera. Quarenta e quatro pessoas foram detidas para averiguação (133 anteontem) e 14 adolescentes encaminhados ao SOS Criança (82 anteontem). A principal apreensão aconteceu pela manhã, na esquina da avenida São João com a rua Helvétia. Em uma ``favela'' sob o Minhocão, habitada por cerca de 50 mendigos, a PM encontrou 20 pedras de crack, maconha, dezenas de facas e vários produtos roubados. Praticamente todas as pessoas que vivem sob o Minhocão foram abordadas pela PM ontem. Eles tiveram todos seus pertences revistados em busca de armas e drogas. Nem mesmo idosos e crianças escaparam da polícia. Ao contrário dos dias anteriores, ontem a PM não estava levando os moradores de ruas a albergues. Os que não eram procurados pela Justiça continuavam normalmente na rua. Migração A polícia acredita que a Operação Centro tenha provocado uma migração de criminosos, moradores de rua e menores carentes a outras regiões da cidade. ``O número de pessoas nas ruas do centro vem diminuindo bastante desde o início da operação. Eles devem estar se dirigindo a outros locais por medo da polícia'', afirmou o capitão Abaré Vaz de Lima, comandante da divisão operacional do Comando de Policiamento de Choque (CPChoque). Mas a Polícia Civil afirma que não houve um aumento de criminalidade nas outras regiões da cidade. Segundo o capitão, essa migração é um sinal de que a operação está tendo sucesso: ``A região central está mais segura para as pessoas de bem e mais perigosa para os criminosos''. Para evitar que sejam criados novos bolsões de violência, a PM deve ampliar a ação para outras regiões a partir do dia 1º de março, quando acaba a Operação Centro. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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