|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARBARA GANCIA
Afinal, você é a favor ou contra a guerra?
Na última segunda-feira,
lancei a seguinte enquete no
bate-papo que conduzo semanalmente no UOL: "Se a decisão coubesse a você, o que seria feito de
Fernandinho Beira-Mar?". Entre
as opções de resposta, coloquei todas as possibilidades imagináveis: a) ele seria extraditado para
os EUA; b) morreria "acidentalmente" na cadeia; c) continuaria
por tempo indefinido no presídio
de Presidente Bernardes; d) deveria voltar para o Rio ou e) seria
isolado em um presídio feito especialmente para ele, em alguma
ilha ou na Amazônia.
É óbvio que uma enquete dessas
não tem nenhum valor científico.
Mesmo assim, chamou-me a
atenção o fato de que mais de
90% dos votantes escolheram as
opções a e b, sendo que a b venceu
de lavada.
Dada a insensatez do resultado,
a impressão que resta é a de que
os internautas que participam do
meu "programa virtual", na
maioria jovens razoavelmente alfabetizados, gostariam que, em
um passe de mágica, o traficante
evaporasse ou, quem sabe, que
nunca tivesse nascido.
O pessoal aplica o mesmo tipo
de solução simplista à questão do
Iraque. É bem mais conveniente
declarar-se a favor da paz e proclamar Bush como doido do que
queimar neurônios tentando entender a situação, que é das mais
complexas e não tem nenhuma
resposta simples.
Semanas atrás escrevi umas
poucas linhas sobre o assunto. Para quê? Vários leitores deduziram
que sou pró-Bush. Não lhe digo,
dileto leitor, o que recebi de e-mails de gente querendo saber se
sou contra ou a favor da guerra.
Tive a impressão de que muitos
não possuíam opinião formada e
queriam a minha ajuda para se
posicionar. Nas conversas com
amigos e nas ruas, também percebo que pega bem ser favorável à
paz, mas sempre tem aquele sujeito que deixa escapar algum comentário em defesa da ação norte-americana.
Afinal, eu sou a favor ou contra
o ataque ao Iraque? O nobre leitor já parou para se fazer essa pergunta com toda a honestidade?
Você, que é inabalável no seu discurso pela paz, o que me diz dos
ataques que o Iraque fez ontem
contra o Kuait, usando os mesmos mísseis de longo alcance que
Saddam havia jurado à ONU que
não mais possuía? E você, que
acha que um regime que, sabidamente, patrocina terroristas suicidas deveria ser varrido do mapa,
como ousa defender uma guerra
que pode causar um conflito generalizado no Oriente Médio e
arruinar a economia mundial
por anos a fio? Respostas fáceis,
nessa história, não há.
Texto Anterior: Rosinha diz que R$ 40 milhões ainda é pouco Próximo Texto: Qualquer nota Índice
|