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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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BARBARA GANCIA

Afinal, você é a favor ou contra a guerra?

Na última segunda-feira, lancei a seguinte enquete no bate-papo que conduzo semanalmente no UOL: "Se a decisão coubesse a você, o que seria feito de Fernandinho Beira-Mar?". Entre as opções de resposta, coloquei todas as possibilidades imagináveis: a) ele seria extraditado para os EUA; b) morreria "acidentalmente" na cadeia; c) continuaria por tempo indefinido no presídio de Presidente Bernardes; d) deveria voltar para o Rio ou e) seria isolado em um presídio feito especialmente para ele, em alguma ilha ou na Amazônia.
É óbvio que uma enquete dessas não tem nenhum valor científico. Mesmo assim, chamou-me a atenção o fato de que mais de 90% dos votantes escolheram as opções a e b, sendo que a b venceu de lavada.
Dada a insensatez do resultado, a impressão que resta é a de que os internautas que participam do meu "programa virtual", na maioria jovens razoavelmente alfabetizados, gostariam que, em um passe de mágica, o traficante evaporasse ou, quem sabe, que nunca tivesse nascido.
O pessoal aplica o mesmo tipo de solução simplista à questão do Iraque. É bem mais conveniente declarar-se a favor da paz e proclamar Bush como doido do que queimar neurônios tentando entender a situação, que é das mais complexas e não tem nenhuma resposta simples.
Semanas atrás escrevi umas poucas linhas sobre o assunto. Para quê? Vários leitores deduziram que sou pró-Bush. Não lhe digo, dileto leitor, o que recebi de e-mails de gente querendo saber se sou contra ou a favor da guerra. Tive a impressão de que muitos não possuíam opinião formada e queriam a minha ajuda para se posicionar. Nas conversas com amigos e nas ruas, também percebo que pega bem ser favorável à paz, mas sempre tem aquele sujeito que deixa escapar algum comentário em defesa da ação norte-americana.
Afinal, eu sou a favor ou contra o ataque ao Iraque? O nobre leitor já parou para se fazer essa pergunta com toda a honestidade? Você, que é inabalável no seu discurso pela paz, o que me diz dos ataques que o Iraque fez ontem contra o Kuait, usando os mesmos mísseis de longo alcance que Saddam havia jurado à ONU que não mais possuía? E você, que acha que um regime que, sabidamente, patrocina terroristas suicidas deveria ser varrido do mapa, como ousa defender uma guerra que pode causar um conflito generalizado no Oriente Médio e arruinar a economia mundial por anos a fio? Respostas fáceis, nessa história, não há.


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