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Marcola nega envolvimento em morte de juiz
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O preso Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, negou
ontem estar envolvido com a
morte do juiz-corregedor de Presidente Prudente, Antonio José
Machado Dias, 47, assassinado na
última sexta-feira.
Em uma nota divulgada por fax
pela sua advogada, Ariane dos
Santos, Marcola disse ter ficado
sabendo do crime por meio de
funcionários da Penitenciária 1 de
Avaré e negou pertencer ao Primeiro Comando da Capital. ""Não
há provas de minha ligação com o
PCC porque ainda não foi julgado
o processo no qual sou acusado
de fazer parte da facção. Sou contra todo o tipo de violência e acredito que esteja sendo usado como
bode expiatório, para justificar a
falha do Estado de ainda não ter
conseguido achar os verdadeiros
culpados", afirma ele no texto,
que, segundo a Folha apurou, foi
ditado à sua advogada.
O nome de Marcola acabou envolvido na investigação por causa
de um bilhete apreendido no presídio na segunda, cujo trecho dizia: "O Machado [referência ao juiz] foi nesta". O recado, escrito
pelo traficante Rogério di Simoni,
o Mangue, estaria passando de cela em cela, arremessado com barbante pela janela, para chegar ao
Marcola, disse a polícia.
Mangue foi transferido anteontem para o Deic (Departamento
de Investigações sobre o Crime
Organizado), em São Paulo, onde
será ouvido sobre o bilhete. Em
conversa informal com policiais,
ele confirmou ter escrito a mensagem, mas negou que ela tivesse sido endereçada à cela de Marcola.
Assaltante de banco, Marcola
está isolado no regime disciplinar
diferenciado de Avaré desde o
ano passado, quando teve o nome
incluído entre os líderes do PCC e
em ações criminosas praticadas
no Estado. A principal prova contra ele é o depoimento do ex-líder
facção, José Márcio Felício, hoje
jurado de morte e isolado no CRP
(Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes.
Para a polícia, o bilhete é o primeiro indício de que a facção pode estar por trás do assassinato no
juiz. Integrantes da facção estariam descontentes com decisões
do magistrado, que, por exemplo,
arquivou uma sindicância em que
se apurava a morte de dois detentos do CRP de Bernardes, no final
de 2002. O laudo oficial disse que
houve suicídio nos dois casos.
Outra linha de investigação é a
de que um grupo de presos, integrantes ou não do PCC, planejou
o assassinato por causa de decisões do juiz-corredegedor, a
quem cabia julgar benefícios para
condenados e pedidos de advogados de sete presídios da região de
Presidente Prudente.
Ontem, policiais do Deic e promotores do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão ao
Crime Organizado) fizeram uma
operação no interior do Estado. A
polícia está investigando fuga de
presos ligados ao PCC para comparar fotos dos foragidos com os
retratos feitos a partir do depoimento de testemunhas que viram
os atiradores que cercaram o juiz.
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