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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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SAÚDE

São Vicente tem os resultados mais fracos no ranking de combate à doença divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado

Capital é a 2ª pior na cura de tuberculose

FABIANE LEITE
LUIS RENATO STRAUSS

DA REPORTAGEM LOCAL

As cidades de São Vicente (no litoral sul paulista) e São Paulo têm os piores índices de cura da tuberculose do Estado, segundo ranking referente a 2001 divulgado ontem pela Secretaria Estadual da Saúde. Com taxas de 47,3% e 48%, respectivamente, estão muito longe do padrão da Organização Mundial da Saúde, que preconiza que o tratamento deve ser completado em 85% dos casos.
No país, o percentual de cura medido em 1999 era de 75,4%.
O Estado acumulava em 2001 o maior número absoluto de casos de tuberculose do país, 20.690, mas não estava em 2000 entre aqueles com maior incidência. O recrudescimento da doença na capital paulista já preocupa há algum tempo. Entre 85 e 99, houve um aumento de mais de 55% das mortes causadas pela tuberculose na cidade -e a tendência de crescimento se mantém. Foram eliminados os casos associados à Aids.
Os dados revelados ontem tornam o quadro ainda pior. Há uma série de doentes que continuam circulando e colocando outras pessoas em risco. "O risco de adoecimento está relacionado ao número de pessoas que lançam o agente causador da tuberculose no ar [o bacilo de Koch, um tipo de bactéria]. Estamos identificando os casos e não conseguimos que as pessoas parem de contaminar os outros", disse o secretário-adjunto de Estado da Saúde, Oswaldo Yoshimi Tanaka.
O contágio pelo bacilo se dá pela proximidade com a pessoa infectada. A bactéria é transmitida por gotículas de saliva, por exemplo. O tratamento deve ser supervisionado e mantido por seis meses. Se abandonado antes da cura, a doença pode voltar com mais força e o bacilo pode se tornar cada vez mais resistente.
São Vicente contesta os números. Segundo a secretaria da Saúde, o índice de cura em 2001 foi de 71,8% dos pacientes. Programas oferecem alimentação aos que mantêm o tratamento.
De acordo com Vera Galesi, coordenadora do programa estadual de tuberculose, o Estado utiliza dados fornecidos pelos próprios municípios. Alguns não alimentam corretamente o sistema.
Segundo Julio Cesar de Magalhães Alves, diretor do Centro de Prevenção e Controle de Doenças da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, a atual gestão identificou deficiências nos programas de governos anteriores e está fazendo mudanças, como uma rede de informações que vai interligar os postos de saúde. Cerca de 18% dos pacientes são "perdidos" no sistema atual, o que compromete o acompanhamento.
A taxa de cura é o indicador mais confiável para a avaliação da doença no Estado. Isso porque a avaliação do número de doentes e mortes causadas pela tuberculose ainda é imprecisa em alguns municípios. O índice médio de cura no Estado tem se mantido estável, em torno de 60%.
À secretaria estadual cabe a distribuição de remédios e o acompanhamento dos municípios. O órgão pretende auxiliar as cidades a desenvolver novas estratégias de estímulo ao tratamento. Quer que as cidades se inspirem no programa de Aids, que estimula os pacientes a aderir ao tratamento por meio de atividades comunitárias.


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