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SAÚDE
São Vicente tem os resultados mais fracos no ranking de combate à doença divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado
Capital é a 2ª pior na cura de tuberculose
FABIANE LEITE
LUIS RENATO STRAUSS
DA REPORTAGEM LOCAL
As cidades de São Vicente (no
litoral sul paulista) e São Paulo
têm os piores índices de cura da
tuberculose do Estado, segundo
ranking referente a 2001 divulgado ontem pela Secretaria Estadual
da Saúde. Com taxas de 47,3% e
48%, respectivamente, estão muito longe do padrão da Organização Mundial da Saúde, que preconiza que o tratamento deve ser
completado em 85% dos casos.
No país, o percentual de cura
medido em 1999 era de 75,4%.
O Estado acumulava em 2001 o
maior número absoluto de casos
de tuberculose do país, 20.690,
mas não estava em 2000 entre
aqueles com maior incidência. O
recrudescimento da doença na
capital paulista já preocupa há algum tempo. Entre 85 e 99, houve
um aumento de mais de 55% das
mortes causadas pela tuberculose
na cidade -e a tendência de crescimento se mantém. Foram eliminados os casos associados à Aids.
Os dados revelados ontem tornam o quadro ainda pior. Há uma
série de doentes que continuam
circulando e colocando outras
pessoas em risco. "O risco de
adoecimento está relacionado ao
número de pessoas que lançam o
agente causador da tuberculose
no ar [o bacilo de Koch, um tipo
de bactéria]. Estamos identificando os casos e não conseguimos
que as pessoas parem de contaminar os outros", disse o secretário-adjunto de Estado da Saúde, Oswaldo Yoshimi Tanaka.
O contágio pelo bacilo se dá pela
proximidade com a pessoa infectada. A bactéria é transmitida por
gotículas de saliva, por exemplo.
O tratamento deve ser supervisionado e mantido por seis meses. Se
abandonado antes da cura, a
doença pode voltar com mais força e o bacilo pode se tornar cada
vez mais resistente.
São Vicente contesta os números. Segundo a secretaria da Saúde, o índice de cura em 2001 foi de
71,8% dos pacientes. Programas
oferecem alimentação aos que
mantêm o tratamento.
De acordo com Vera Galesi,
coordenadora do programa estadual de tuberculose, o Estado utiliza dados fornecidos pelos próprios municípios. Alguns não alimentam corretamente o sistema.
Segundo Julio Cesar de Magalhães Alves, diretor do Centro de
Prevenção e Controle de Doenças
da Secretaria Municipal da Saúde
de São Paulo, a atual gestão identificou deficiências nos programas de governos anteriores e está
fazendo mudanças, como uma rede de informações que vai interligar os postos de saúde. Cerca de
18% dos pacientes são "perdidos"
no sistema atual, o que compromete o acompanhamento.
A taxa de cura é o indicador
mais confiável para a avaliação da
doença no Estado. Isso porque a
avaliação do número de doentes e
mortes causadas pela tuberculose
ainda é imprecisa em alguns municípios. O índice médio de cura
no Estado tem se mantido estável,
em torno de 60%.
À secretaria estadual cabe a distribuição de remédios e o acompanhamento dos municípios. O
órgão pretende auxiliar as cidades
a desenvolver novas estratégias de
estímulo ao tratamento. Quer que
as cidades se inspirem no programa de Aids, que estimula os pacientes a aderir ao tratamento por
meio de atividades comunitárias.
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