São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 2005

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VIOLÊNCIA

Garota havia sido seqüestrada em São Sebastião, onde passava o Carnaval com a família

Resgate é pago, e menina de 2 anos é libertada após 41 dias de cativeiro

Diego Padgurschi/Folha Imagem
Rua no Parque Novo Mundo, zona norte de SP, onde a garota foi achada dentro de um Uno furtado


DA REPORTAGEM LOCAL

DO "AGORA"

Uma menina de dois anos foi libertada ontem de madrugada, no dia de seu aniversário, após passar 41 dias em poder de seqüestradores. Ela tinha sido capturada em 7 de fevereiro, em São Sebastião (litoral norte de SP), onde passava o Carnaval com os pais.
O resgate, entre R$ 30 mil e R$ 40 mil, foi pago anteontem. Na noite de ontem, a quadrilha deixou a garota dentro de um carro no Parque Novo Mundo, zona norte de São Paulo, e ligou para os familiares, que a encontraram.
A libertação da menina (que, segundo a polícia, foi bem tratada nos 41 dias de seqüestro) trouxe um "grande alívio" para os parentes, segundo uma tia que estava na casa da família, em Higienópolis, no centro da capital.
O seqüestro aconteceu na praia do Engenho, em São Sebastião, por volta das 10h da segunda-feira de Carnaval, em uma rua de terra. A garota foi levada com a babá por três homens armados.
Após um seqüestrador trocar de carro e levar a garota, a babá foi solta em Aparecida (167 km de SP), por volta das 12h. Ela, porém, só conseguiu avisar a família da garota por volta das 17h, pois ligava a cobrar, mas as chamadas não eram aceitas. A babá contatou um parente dela, que fez o contato.
Ao longo dos 41 dias de cativeiro, foram quatro contatos, sempre da mesma pessoa, geralmente de celulares clonados de outros Estados. "Não gosto de chamá-los de profissionais, prefiro dizer que são cautelosos", disse o delegado João Barbosa Filho, da Divisão Anti-Seqüestro (DAS).
A quadrilha ameaçava matar a menina se não fosse pago o resgate, cujo pedido inicial foi de US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,7 milhões).
Um mês após o seqüestro, a quadrilha deu uma prova de que a criança estava viva, fotos ao lado de jornais do dia anterior perto do acostamento da marginal Tietê.
No fim da noite de sábado, após o pagamento do resgate, a quadrilha avisou que a garota seria deixada na zona norte de São Paulo.
A criança foi resgatada pelo pai e pelo tio por volta da 0h de ontem, perto do hospital da Vila Maria. Ela dormia, sozinha, no banco de trás de um Uno furtado.
O pai, um pequeno empresário do ramo têxtil, só avisou a polícia depois de pegar a filha. Até o início da noite de ontem, nenhum seqüestrador havia sido preso. "Eles já conheciam a rotina da família", afirmou o delegado.
(LÍVIA SAMPAIO, FABIO MAZZITELLI, CLAYTON FREITAS E FÁBIO TAKAHASHI)

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