São Paulo, segunda-feira, 21 de março de 2005

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"Virou tudo mato; custei a acreditar"

DO ENVIADO A RIO CLARO (RJ)

"Meu pai trabalhava na Prefeitura de São João Marcos e acabou perdendo o emprego com a destruição da cidade. Tivemos que arrumar uma casa às pressas em Rio Claro", recorda a dona-de-casa Maria Aparecida Fraga de Oliveira, 75. Ela nasceu em São João Marcos e viveu na cidade durante pelo menos dez anos. Hoje, mora com um filho em Rio Claro. "Era muito criança, mas foi muito triste ver as casas sendo destruídas."
Maria Aparecida contou que a ampliação da represa de Ribeirão das Lajes trouxe muitos problemas. "Tive malária e vi muita gente morrer por causa da doença."
Outra moradora da antiga São João Marcos, a aposentada Ângela Azevedo da Silva, 77, disse que os próprios empregados da Light que participaram da destruição das casas ficavam com pena de colocar tudo abaixo. Ela lembra que a Light dava um prazo para que as pessoas abandonassem as suas casas e só cedia os caminhões para transportar a mudança. Não lembra se a família foi indenizada.
"A água não foi para dentro da cidade, não precisavam ter feito aquilo", disse a antiga moradora, que vive em Rio Claro. "Tinha o clube. O Carnaval era maravilhoso, atraía gente de várias cidades."
Ângela contou que, há dois anos, foi até o local onde existia a cidade e ficou emocionada com o que viu. "Virou tudo mato. Custei a acreditar no que se transformou São João Marcos." (MHM)

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