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"Virou tudo mato; custei a acreditar"
DO ENVIADO A RIO CLARO (RJ)
"Meu pai trabalhava na Prefeitura de São João Marcos e acabou
perdendo o emprego com a destruição da cidade. Tivemos que
arrumar uma casa às pressas em
Rio Claro", recorda a dona-de-casa Maria Aparecida Fraga de Oliveira, 75. Ela nasceu em São João
Marcos e viveu na cidade durante
pelo menos dez anos. Hoje, mora
com um filho em Rio Claro. "Era
muito criança, mas foi muito triste ver as casas sendo destruídas."
Maria Aparecida contou que a
ampliação da represa de Ribeirão
das Lajes trouxe muitos problemas. "Tive malária e vi muita gente morrer por causa da doença."
Outra moradora da antiga São
João Marcos, a aposentada Ângela Azevedo da Silva, 77, disse que
os próprios empregados da Light
que participaram da destruição
das casas ficavam com pena de
colocar tudo abaixo. Ela lembra
que a Light dava um prazo para
que as pessoas abandonassem as
suas casas e só cedia os caminhões
para transportar a mudança. Não
lembra se a família foi indenizada.
"A água não foi para dentro da
cidade, não precisavam ter feito
aquilo", disse a antiga moradora,
que vive em Rio Claro. "Tinha o
clube. O Carnaval era maravilhoso, atraía gente de várias cidades."
Ângela contou que, há dois
anos, foi até o local onde existia a
cidade e ficou emocionada com o
que viu. "Virou tudo mato. Custei
a acreditar no que se transformou
São João Marcos."
(MHM)
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