São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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Zona sul, principal área turística do Rio, é região com maior taxa de furtos

Ladrões levam R$ 1.300 e iPhone de medalhista de ouro em Pequim na porta de hotel

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Medalhista de ouro nas Olimpíadas de Pequim, o iatista espanhol Fernando Echavarri já ouvira falar da violência no Rio e disse ter tomado "alguns cuidados" ao chegar à cidade. Na quinta-feira à noite, porém, três homens furtaram R$ 1.300 e seu iPhone na porta do hotel, em Copacabana, zona sul.
Na cidade para uma etapa da regata de volta ao mundo, o espanhol foi vítima de um dos principais crimes das estatísticas na zona sul. O furto -"roubo" sem grave ameaça- na região atingiu em 2008 a taxa de 2.979 casos a cada 100 mil habitantes, conforme o Instituto de Segurança Pública -responsável por estatísticas criminais.
É a mais alta na capital, excetuando-se o centro, desconsiderada por ter uma alta população "circulante" e baixa "residente" (combinação que "infla" a taxa de criminalidade).
Para a antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do Núcleo de Pesquisas das Violências da Uerj, a presença de turistas afeta em parte os índices de furtos na região. "São pessoas sem conhecimento da cidade."
Echavarri contou que saía do hotel para jantar em um restaurante a 100 m dali quando os homens, de forma rápida, levaram seus pertences. "Tinham me avisado de que era necessário tomar cuidado ao andar por aqui. Mas não imaginava que aconteceria na porta do hotel. Foi um jantar muito caro."
Na zona norte, o principal problema são os roubos -ação com grave ameaça. Foram registrados 1.807 casos a cada 100 mil habitantes.
Para a antropóloga Ana Paula Miranda, ex-diretora do ISP, a presença de favelas no entorno da região e o fácil acesso a armas dos grupos criminosos nas comunidades aumentam a violência da ação.
"Muitos dos roubos acontecem, além das vias principais próximos a rotas de fugas, no acesso às favelas", disse.
O médico Nelson Cordeiro, 49, foi vítima de assaltantes armados com um fuzil próximo de casa, na Tijuca. Após ser retirado de seu Corolla, foi chutado no chão e ameaçado de morte. "Depois de um caso desse, todo mundo passa por um trauma", disse ele, que vai se mudar "em parte" em razão da violência.
Na Baixada Fluminense, o problema mais marcante é a taxa de homicídio. Diferentemente das demais regiões, em que houve redução de ao menos 7%, na área o índice apenas oscilou (aumento de 1,3%).
Ela segue como a área mais violenta do Estado, com taxa de 44,3 assassinatos a cada 100 mil habitantes. Para a OMS, o nível epidêmico de homicídio é 10 por 100 mil habitantes -no Estado, a taxa é de 35; em SP, 10,7.
Procurada pela Folha, a Secretaria de Segurança não havia se manifestado até a conclusão desta edição.


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