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Zona sul, principal área turística do Rio, é região com maior taxa de furtos
Ladrões levam R$ 1.300 e iPhone de medalhista de ouro em Pequim na porta de hotel
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Medalhista de ouro nas
Olimpíadas de Pequim, o iatista
espanhol Fernando Echavarri
já ouvira falar da violência no
Rio e disse ter tomado "alguns
cuidados" ao chegar à cidade.
Na quinta-feira à noite, porém,
três homens furtaram R$ 1.300
e seu iPhone na porta do hotel,
em Copacabana, zona sul.
Na cidade para uma etapa da
regata de volta ao mundo, o espanhol foi vítima de um dos
principais crimes das estatísticas na zona sul. O furto -"roubo" sem grave ameaça- na região atingiu em 2008 a taxa de
2.979 casos a cada 100 mil habitantes, conforme o Instituto de
Segurança Pública -responsável por estatísticas criminais.
É a mais alta na capital, excetuando-se o centro, desconsiderada por ter uma alta população "circulante" e baixa "residente" (combinação que "infla"
a taxa de criminalidade).
Para a antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do Núcleo
de Pesquisas das Violências da
Uerj, a presença de turistas afeta em parte os índices de furtos
na região. "São pessoas sem conhecimento da cidade."
Echavarri contou que saía do
hotel para jantar em um restaurante a 100 m dali quando os
homens, de forma rápida, levaram seus pertences. "Tinham
me avisado de que era necessário tomar cuidado ao andar por
aqui. Mas não imaginava que
aconteceria na porta do hotel.
Foi um jantar muito caro."
Na zona norte, o principal
problema são os roubos -ação
com grave ameaça. Foram registrados 1.807 casos a cada 100
mil habitantes.
Para a antropóloga Ana Paula
Miranda, ex-diretora do ISP, a
presença de favelas no entorno
da região e o fácil acesso a armas dos grupos criminosos nas
comunidades aumentam a violência da ação.
"Muitos dos roubos acontecem, além das vias principais
próximos a rotas de fugas, no
acesso às favelas", disse.
O médico Nelson Cordeiro,
49, foi vítima de assaltantes armados com um fuzil próximo
de casa, na Tijuca. Após ser retirado de seu Corolla, foi chutado
no chão e ameaçado de morte.
"Depois de um caso desse, todo
mundo passa por um trauma",
disse ele, que vai se mudar "em
parte" em razão da violência.
Na Baixada Fluminense, o
problema mais marcante é a taxa de homicídio. Diferentemente das demais regiões, em
que houve redução de ao menos 7%, na área o índice apenas
oscilou (aumento de 1,3%).
Ela segue como a área mais
violenta do Estado, com taxa de
44,3 assassinatos a cada 100 mil
habitantes. Para a OMS, o nível
epidêmico de homicídio é 10
por 100 mil habitantes -no Estado, a taxa é de 35; em SP, 10,7.
Procurada pela Folha, a Secretaria de Segurança não havia se manifestado até a conclusão desta edição.
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