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OPINIÃO
Censura corrompe finalidade de museus
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ou a direção do Banco do Brasil
aceita as exposições de arte sem
censura ou é melhor fechar os
seus centros culturais no Rio, em
São Paulo e em Brasília. Passar a
tesoura em mostras para atender
esta ou aquela freguesia corrompe qualquer finalidade pedagógica que esses centros culturais deveriam ter como missão.
Arte é o território da instabilidade, do não explorado, da prospecção e da afronta, eventualmente.
O Banco do Brasil tem todo o direito de não querer entrar nessa
discussão. A pergunta óbvia é: então por que abrigou uma exposição chamada "Erotica"?
Mais chocante do que a falta de
preparo para tocar um centro cultural é o vício autoritário do banco. Protestos contra obras consideradas blasfemas são rotineiras
na história da arte; a regra é o museu ou centro cultural aliar-se à
arte e rejeitar a censura.
Há dois exemplos recentes. Em
1999, o Brooklyn Museum, de Nova York, recebeu a exposição
"Sensation!", que tinha como
uma das sensações uma Nossa Senhora cujo manto era pontuado
por cocô de elefante -um trabalho da artista britânica Chris Ofili.
O prefeito de Nova York à época, Rudolph Giuliani, ameaçou
cortar a verba do museu se a obra
não fosse retirada (para atender à
fatia italiana e irlandesa de seu
eleitorado) e o museu recusou-se
simplesmente.
Em Buenos Aires, o Centro Cultural Recoleta, da prefeitura, não
moveu uma palha em 2004 contra
os protestos de católicos contra
uma série de obras de Leon Ferrari que consideravam blasfema
-entre as quais uma Nossa Senhora que se masturba diante de
Cristo. A exposição foi fechada
por 18 dias e depois reaberta
-tudo por decisão judicial.
Qualquer gerente do Banco do
Brasil sabe que há mais pornografia nas negociatas que o ex-diretor
de marketing do BB Henrique
Pizzolato fez com fundos de pensão do que em pênis cruzados feitos de rosário. Pizzolato foi acusado pelo Ministério Público Federal de integrar o braço financeiro
do mensalão. Responderá pelos
crimes de corrupção passiva e peculato (quando funcionário público apropria-se de recursos). Ele
nega as acusações.
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