MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO PEDRO

A Polícia Civil de São Pedro (198 km de SP) investiga um incêndio que pode ter sido provocado pela explosão de um celular cuja bateria estava sendo carregada.
O fogo destruiu diversos móveis e eletrodomésticos da casa, como televisão, aparelho de som, mesa e cadeiras, entre outros.
A dona do celular, a promotora de vendas Maria do Socorro Correia de Sales, 50, disse que o deixou para carregar e saiu de casa, no domingo à noite. Quando voltou, uma hora depois, parte dos móveis pegava fogo. O aparelho que pode ter provocado o incêndio é da Motorola, modelo C-115.
A empresa informou, por meio de nota, que "teve ciência do caso em questão" e que "está avaliando as circunstâncias do ocorrido e suas respectivas causas".
Esse é o terceiro acidente provocado, possivelmente, por telefones celulares neste ano no interior de São Paulo.

Original
Maria do Socorro disse que ganhou o aparelho há 11 meses e que ele tinha todos os componentes originais. "Até agora não acredito no que aconteceu. Mas tenho certeza de que foi o celular."
Segundo ela, o telefone foi deixado para carregar em um benjamim com outros três aparelhos: televisão, rádio e um abajur (todos desligados). Os manuais recomendam que os eletroeletrônicos não devem ser ligados na mesma tomada com outros aparelhos.
"A Motorola disse que arcaria com todas as despesas. Não posso mais dormir em casa por causa do cheiro de queimado e também porque a energia foi cortada após um curto-circuito", disse ela, que registrou boletim de ocorrência.
De acordo com o delegado de São Pedro, Hércules Antônio Peranovich, os restos do aparelho e do carregador foram levados pela Motorola na segunda-feira e isso deve prejudicar as investigações do acidente. "A principal suspeita é de que tenha sido o aparelho, mas precisamos investigar mais o caso", afirmou.
Conforme o professor Paul Jean Etienne Jeszensky, da Escola Politécnica da USP, as razões para a explosão de celulares são basicamente três. "Na maior parte das vezes, é uma sobrecarga de energia no carregamento. Se os circuitos de proteção não forem bons, a bateria pode explodir", diz.
Mas acidentes também podem ser provocados por curto-circuito -causado por defeito de fabricação ou queda- ou ainda pelo contato da bateria com água.
O professor Luiz Carlos Kretly, da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação da Unicamp, aponta ainda um outro motivo. "As baterias têm uma válvula igual à da panela de pressão. Quando há tendência de expandir o gás de dentro, ela vaza. Mas se a fábrica não tem bom controle de qualidade e a válvula não funciona, o aparelho pode explodir", explicou Kretly.