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Empresa vê negligência do controle aéreo
Relatório enviado à Polícia Federal pela dona do jato Legacy é assinado pelos advogados José Carlos Dias e Theo Dias
Documento aponta que acidente que causou a morte de 154 pessoas foi provocado por sucessão de erros dos controladores
DA COLUNISTA DA FOLHA
Segundo o relatório da norte-americana ExcelAire à Polícia
Federal, uma "sucessão de erros do controle aéreo constitui
a causa direta do acidente" entre o jato Legacy de sua propriedade e o Boeing da Gol. A
palavra "negligência" é usada
em pelo menos quatro intertítulos sobre o controle aéreo.
"Esse acidente foi causado
por sérias falhas do sistema de
controle de tráfego aéreo brasileiro", diz na página 59, enumerando seis dessas falhas, depois
que a torre de controle de São
José dos Campos (SP) autorizou o jato a voar na altitude de
37 mil pés até Manaus, quando
deveria ter baixado para 36 mil
a partir de Brasília.
O relatório, assinado pelos
advogados brasileiros José
Carlos Dias e Theo Dias, diz
que o sistema de controle foi
"negligente" e errou por não
determinar a mudança de altitude quando o jato se aproximou e passou por Brasília e por
não ter tomado as medidas necessárias a partir desse erro.
Citando normas de aviação
internacionais, os advogados
disseram que os pilotos Joe Lepore e Jan Paladino só poderiam ter alterado o nível de vôo
nesse ponto se houvesse uma
determinação do Cindacta-1.
Sem ela, o jato ficou em rota de
colisão com o Boeing.
Os advogados também questionam o Cindacta-1 por não
ter notificado o Legacy de que o
transponder havia parado de
enviar dados para o radar nem
ter aumentado as distâncias de
segurança na vertical e na horizontal, um procedimento obrigatório nesses casos.
Dizem ainda que o controle
desperdiçou a chance de confirmar a altitude exata em que o
Legacy voava, durante o período em que o transponder ainda
funcionava, contentando-se
com informações imprecisas.
Outra acusação é que, diante
das incertezas e da falta de comunicação com o Legacy, o sistema de controle de tráfego aéreo deveria ter feito o básico:
avisar aos outros aviões em níveis semelhantes e orientá-los
a assumir outras altitudes.
(ELIANE CANTANHÊDE)
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