São Paulo, quarta-feira, 21 de abril de 2010

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Série de homicídios fecha lojas e esvazia ruas do Guarujá

Em três dias, PM e cinco pessoas foram assassinadas na cidade; outras duas foram baleadas

Crimes, segundo a polícia, seriam uma retaliação do PCC pela morte de membro da facção criminosa e pela prisão de outros nove há 20 dias

AFONSO BENITES
MOACYR LOPES JUNIOR
ENVIADOS ESPECIAIS AO GUARUJÁ

Uma série de assassinatos ocorridos nos últimos três dias no Guarujá deixou os moradores da cidade do litoral paulista apavorados a ponto de, anteontem, comerciantes fecharem suas portas e escolas dispensarem alunos durante as aulas.
De domingo até ontem, seis pessoas foram assassinadas e outras duas baleadas nas ruas da cidade -para se ter uma ideia da atual onda de violência, em todo o ano passado 53 pessoas foram vítimas de homicídio no Guarujá, ou seja, menos de cinco mortos por mês.
A principal linha de investigação da Polícia Civil é que os assassinatos sejam uma vingança da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) à morte de um de seus membros e à prisão de outros nove há 20 dias, num confronto com a polícia -os criminosos eram da capital e foram flagrados com farto armamento.
Entre as vítimas da série de assassinatos posteriores estão um policial militar, um parente de um PM e um mecânico que consertava carros da polícia civil local. A primeira vítima, o PM Paulo Rafael Pires, 27, foi assassinada com dez tiros de fuzil e pistola disparados por ao menos duas pessoas no bairro de Vicente de Carvalho.
Houve outras três mortes no domingo, uma na segunda e uma ontem. A última vítima, um comerciante de 31 anos, foi morta por motoqueiros com quatro tiros a cem metros de uma delegacia. Os homicídios ocorreram no mesmo bairro.
"Muitos dos que morreram tinham alguma relação com a polícia. Por isso, não acho que seja um grupo de extermínio, e sim uma reação do PCC", afirma o delegado titular do 2º DP local, Josias Teixeira de Souza.
Na noite de anteontem, comerciantes e moradores de outros bairros, após boatos sobre um toque de recolher determinado pelos bandidos, resolveram se recolher.
Escolas de ensino médio e universidades, como a Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto), no bairro Enseada (a cerca de 13 km do bairro onde ocorreram os crimes), suspenderam suas aulas à noite. Lojas encerraram suas atividades mais cedo. Um dos maiores supermercados de Vicente de Carvalho fechou suas portas às 20h30.
"Virou um faroeste, ninguém veio aqui e mandou a gente fechar a porta, mas ficamos com medo", disse uma funcionária.
O clima local, em especial em Vicente de Carvalho, lembrou, em proporção menor, os ataques do PCC há cinco anos.
A polícia diz que o toque de recolher não passou de um boato que acabou atingindo toda a cidade, de 300 mil habitantes. Ao menos 50 homens da Rota foram deslocados para o Guarujá. Um rapaz de 19 anos foi detido porque, segundo a PM, estaria divulgando o toque de recolher. A família do jovem diz que ele tem problemas mentais e que só reproduzia o boato.


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