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Série de homicídios fecha lojas e esvazia ruas do Guarujá
Em três dias, PM e cinco pessoas foram assassinadas na cidade; outras duas foram baleadas
Crimes, segundo a polícia, seriam uma retaliação do PCC pela morte de membro da facção criminosa e pela prisão de outros nove há 20 dias
AFONSO BENITES
MOACYR LOPES JUNIOR
ENVIADOS ESPECIAIS AO GUARUJÁ
Uma série de assassinatos
ocorridos nos últimos três dias
no Guarujá deixou os moradores da cidade do litoral paulista
apavorados a ponto de, anteontem, comerciantes fecharem
suas portas e escolas dispensarem alunos durante as aulas.
De domingo até ontem, seis
pessoas foram assassinadas e
outras duas baleadas nas ruas
da cidade -para se ter uma
ideia da atual onda de violência,
em todo o ano passado 53 pessoas foram vítimas de homicídio no Guarujá, ou seja, menos
de cinco mortos por mês.
A principal linha de investigação da Polícia Civil é que os
assassinatos sejam uma vingança da facção criminosa PCC
(Primeiro Comando da Capital) à morte de um de seus
membros e à prisão de outros
nove há 20 dias, num confronto
com a polícia -os criminosos
eram da capital e foram flagrados com farto armamento.
Entre as vítimas da série de
assassinatos posteriores estão
um policial militar, um parente
de um PM e um mecânico que
consertava carros da polícia civil local. A primeira vítima, o
PM Paulo Rafael Pires, 27, foi
assassinada com dez tiros de
fuzil e pistola disparados por ao
menos duas pessoas no bairro
de Vicente de Carvalho.
Houve outras três mortes no
domingo, uma na segunda e
uma ontem. A última vítima,
um comerciante de 31 anos, foi
morta por motoqueiros com
quatro tiros a cem metros de
uma delegacia. Os homicídios
ocorreram no mesmo bairro.
"Muitos dos que morreram
tinham alguma relação com a
polícia. Por isso, não acho que
seja um grupo de extermínio, e
sim uma reação do PCC", afirma o delegado titular do 2º DP
local, Josias Teixeira de Souza.
Na noite de anteontem, comerciantes e moradores de outros bairros, após boatos sobre
um toque de recolher determinado pelos bandidos, resolveram se recolher.
Escolas de ensino médio e
universidades, como a Unaerp
(Universidade de Ribeirão Preto), no bairro Enseada (a cerca
de 13 km do bairro onde ocorreram os crimes), suspenderam
suas aulas à noite. Lojas encerraram suas atividades mais cedo. Um dos maiores supermercados de Vicente de Carvalho
fechou suas portas às 20h30.
"Virou um faroeste, ninguém
veio aqui e mandou a gente fechar a porta, mas ficamos com
medo", disse uma funcionária.
O clima local, em especial em
Vicente de Carvalho, lembrou,
em proporção menor, os ataques do PCC há cinco anos.
A polícia diz que o toque de
recolher não passou de um boato que acabou atingindo toda a
cidade, de 300 mil habitantes.
Ao menos 50 homens da Rota
foram deslocados para o Guarujá. Um rapaz de 19 anos foi
detido porque, segundo a PM,
estaria divulgando o toque de
recolher. A família do jovem diz
que ele tem problemas mentais
e que só reproduzia o boato.
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