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Padre diz ter pago R$ 40 mil para tentar barrar vídeo de sexo
Segundo seu advogado, monsenhor pretendia evitar a divulgação de gravação em que faz sexo oral num rapaz
O religioso está preso
desde domingo, depois de depor na CPI da Pedofilia; ontem a Justiça decretou sua prisão domiciliar
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
O monsenhor Luiz Marques
Barbosa, 82, ex-pároco de Arapiraca (AL) e investigado por
suspeita de abuso sexual de
adolescentes, pagou R$ 40 mil
em 2009, segundo seu advogado, para tentar barrar a divulgação de um vídeo em que aparece fazendo sexo oral em um rapaz. Algumas das imagens foram divulgadas em março em
um programa de televisão.
Daniel Fernandes, defensor
de Barbosa, disse que o sacerdote foi procurado no final de
2008 por dois advogados que
pediram inicialmente R$ 5 milhões para não divulgar as imagens. Eles falavam em nome de
dois ex-coroinhas que acusaram o monsenhor de ter abusado sexualmente deles desde
crianças. Um terceiro ex-coroinha é que aparece no vídeo
-segundo o monsenhor (título
honorífico dado pelo papa pela
relevância de sua função), ele já
tinha mais de 18 anos na época.
Em junho do ano passado,
sempre segundo Fernandes, o
religioso relatou a tentativa de
extorsão que vinha sofrendo a
seu defensor, que passou a negociar os valores.
O acordo firmado entre Barbosa e os ex-coroinhas, segundo Fernandes, previa o pagamento de R$ 32 mil para quitar
uma dívida dos rapazes com
um agiota, R$ 7.000 para os honorários dos dois advogados e
mais uma ajuda pessoal de
R$ 500 a cada um. Em outubro,
eles voltaram a pedir mais dinheiro e ameaçaram entregar o
vídeo a uma emissora de TV.
Segundo Fernandes, o monsenhor não tinha mais dinheiro.
No domingo, Barbosa foi preso preventivamente após depor
na CPI da Pedofilia, pois a polícia suspeitava que ele fugiria do
país -tirou passaporte recentemente. Ontem, a Justiça decretou a prisão domiciliar.
Fernandes disse que encaminhou em novembro uma notícia-crime ao Ministério Público do Estado relatando a extorsão, à qual foram anexadas as
gravações de conversas telefônicas com os rapazes e um recibo assinado por eles. Nas gravações, os rapazes pedem dinheiro a título de compensação pelo
abuso sexual sofrido.
Segundo o advogado, nem a
Polícia Civil nem o Ministério
Público investigam a suposta
tentativa de extorsão.
O promotor José de Oliveira
Neto, que acompanha o caso,
disse que determinou a investigação do caso no inquérito que
apura o suposto caso de abuso
sexual. Afirmou ainda que tem
dúvidas de que se trata de extorsão. A delegada Maria Angelita Sousa, que apura a suspeita
de abuso sexual, disse que foi
aberto um novo inquérito para
investigar a suposta extorsão.
Providências
O bispo da Diocese de Penedo (AL), dom Valério Breda,
disse por meio de seu advogado
que tomou todas as medidas
possíveis diante da suspeita de
abuso sexual por parte de três
sacerdotes, incluindo o monsenhor. Segundo o advogado,
Barbosa foi afastado de sua paróquia já em 2009, após os primeiros rumores sobre ele.
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