São Paulo, terça, 21 de abril de 1998

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DESABAMENTO
Laudo criminal diz que material não foi responsável por queda
Falha em pilar causou desabamento do Palace 2

FELIPE WERNECK
da Sucursal do Rio

O desabamento do edifício Palace 2, que causou a morte de oito pessoas no domingo de Carnaval, aconteceu devido a uma falha no detalhamento da armação de dois pilares, e não pela utilização de material de má qualidade.
A realização da planta de um edifício é dividida em três etapas: o cálculo, o dimensionamento e o detalhamento. A falha que causou o desabamento ocorreu nessa última etapa, quando o calculista transforma o projeto em desenhos, para facilitar o trabalho do mestre-de-obras.
Essa é uma das conclusões que constam do laudo criminal sobre as causas do desabamento -que será divulgado pelo ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) até o final da semana.
O engenheiro civil Gilberto Menezes Moraes, um dos consultores de estruturas que trabalharam na realização do laudo, disse que os pilares P4 e P44 -que causaram o desabamento por estarem subdimensionados- foram projetados para suportar 480 toneladas, mas, por uma falha de detalhamento, foram executados para suportar somente 230 toneladas.
Moraes disse que o calculista é "obrigado" a assinar o desenho do detalhamento.
Segundo ele, o uso de material de má qualidade existiu, mas não foi determinante para a tragédia.
A conclusão do laudo pode incriminar o projetista estrutural do edifício, o engenheiro José Roberto Chendes, que está sujeito a indiciação sob acusação de homicídio, assim como Sérgio Naya, dono da construtora Sersan, e Sérgio Murilo Domingues, apontado como engenheiro responsável pela obra.
Naya, que já foi expulso do PPB e teve seu mandato de deputado federal cassado na semana passada, pode ser indiciado pela morte das oito pessoas no desabamento.
Naya deve depor na próxima quinta-feira, às 13h, na 16ª DP (Delegacia Policial), na Barra da Tijuca (zona sul do Rio).



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