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AVIAÇÃO
Falha no sistema de pressurização da aeronave deixou vítimas com ferimentos no tímpano e sangramentos no nariz
Passageiros ficam feridos em vôo da Vasp
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Tímpanos feridos, sangramento
no nariz, derrame nos olhos, dor
de cabeça, hipertensão. Devido a
um problema no sistema de pressurização, 69 passageiros de um
vôo da Vasp passaram mal na
noite de anteontem, logo após a
decolagem no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP)
com destino a Fortaleza (CE) e
Recife (PE).
O avião chegou a decolar duas
vezes. Na primeira, às 18h30, o
problema foi detectado e o avião
voltou ao aeroporto de Guarulhos. Às 23h24, a aeronave decolou novamente. Cerca de dez minutos depois, os passageiros começaram a passar mal.
De acordo com a Vasp, havia 69
passageiros a bordo. Segundo o
DAC (Departamento de Aviação
Civil), eram 102. A Infraero informou que o posto médico do aeroporto registrou ter atendido 69
pessoas do vôo.
Outra contradição é relacionada
ao vôo. Segundo a Vasp, as duas
decolagens são referentes ao vôo
4374, com os mesmos passageiros. De acordo com a Infraero, são
dois vôos diferentes. Quando o
vôo 4374, das 18h30, voltou, os
passageiros foram transferidos
para outro avião e partiram. A aeronave, então, foi destinada ao
vôo 4270, também para Fortaleza
e Recife, que estava previsto para
as 20h40, mas só saiu às 23h24.
Devido ao problema de pressurização, o representante comercial Robson Paiva, 33, sofreu derrame no olho direito. A estudante
Ariele Milet do Amaral, 21, teve os
dois tímpanos feridos. "Eu pensei
que ia endoidar com tanta dor",
disse a dona-de-casa Michele Lisboa Fragoso, 26, que ia para Recife com a mãe, dois filhos e dois sobrinhos. "As crianças choravam
sem parar e eu pedia calma." No
posto médico do aeroporto, ela
descobriu que as crianças haviam
sofrido ferimentos nos tímpanos.
Um dos feridos mais graves era
o administrador de empresas
Aderaldo Campos, 61, que teve
sangramentos no nariz e no ouvido. "Fiquei muito nervoso, ainda
mais quando vi o sangue."
Pessoas que tiveram problemas
no ouvido, como ele, foram aconselhadas a não viajar de avião durante uma semana. "Eu ia a Recife
para o aniversário da minha mãe,
no dia 22, e agora não poderei
mais", disse a designer Rosimeire
Maria da Cunha Oliveira, 40, que
teve um tímpano perfurado.
Os passageiros acusaram a empresa de ter agido com negligência e descaso. A empresa nega as
acusações.
A maioria dos passageiros passou
a madrugada no aeroporto até ser
transferida para um hotel ou embarcar em outro vôo. De acordo
com eles, as máscaras de oxigênio
não foram liberadas e os tripulantes não informaram qual era o
problema até a aterrissagem. As
informações também foram contestadas pela empresa.
"Falha técnica é normal em
qualquer aeroporto do mundo, o
que não é normal é o completo
abandono dos passageiros, como
aconteceu aqui", afirmou o publicitário Ranufo Cunha, 48. Ele não
sofreu ferimentos, mas perdeu
uma reunião devido ao atraso.
A manutenção do avião (um
Boeing 737-200) deve ser concluída amanhã e está sendo acompanhada pelo DAC. A liberação para
novos vôos dependerá de inspeção do DAC, que já foi iniciada.
De acordo com o sindicato dos
aeroviários, a frota de aviões da
empresa é muito antiga e precisa
passar por uma manutenção urgente ou ser substituída. "A frota
de aviões da Vasp é uma das que
mais nos preocupam. É geriátrica", diz Selma Balbino, presidente
dos sindicato dos aeroviários.
Segundo Marques Peixoto,
agente de segurança do sindicato
dos aeronautas, os aviões da Vasp
têm em média 30 anos. "As aeronaves são as mesmas da década de
70. Recebemos muitas denúncias
a respeito de má manutenção."
Segundo o DAC, se um avião
passar por todas as manutenções
e inspeções exigidas pelo fabricante e pelo próprio DAC, ele pode ser utilizado por quanto tempo
for necessário sem problemas de
segurança.
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