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Em um só dia, 39 corpos
foram enterrados em
cemitério da zona leste
DA REPORTAGEM LOCAL
É outono, mas parece primavera na quadra 70 do cemitério municipal da Vila
Formosa, o maior da América
Latina. Encobertas por flores,
17 covas guardam os corpos
de homens mortos a tiros
desde o último sábado, quando teve início a onda de violência no Estado causada pelo
levante do PCC.
Instalado em uma área de
763 mil m2 da zona leste de
São Paulo, o cemitério não
tem construções. Os mortos
são enterrados na terra e ali
permanecem durante três
anos até serem exumados.
Após esse período, a família
tem a opção de transferi-los
para o ossário.
De sábado até anteontem,
dos 193 enterros, 17 foram de
pessoas mortas por armas de
fogo, um aumento de 183%
em relação à semana anterior
em que somente seis, de 107,
foram mortos por tiros.
O recorde diário de enterros no Vila Formosa aconteceu na última quarta-feira,
quando 39 corpos foram sepultados no local. Entre eles,
os de Paulo Ricart do Vale, 17,
e de Jonathan Roberto Farias, 19, mortos durante suposto confronto com os policiais. Segundo a polícia, os jovens eram ligados ao PCC. As
famílias e os vizinhos negam.
"Na quarta, foi uma tensão
grande. Os familiares dos
mortos estavam muito revoltados e a gente teve medo de
alguém querer se vingar porque se comentava que havia
gente do PCC", diz o coveiro
Raimundo dos Santos, 54, há
28 anos no cemitério. No fim,
tudo terminou bem. "Pode
ser bandido ou honesto. A
gente trata todo mundo igual
e respeita a dor das famílias."
Ao lado do Vila Formosa, o
cemitério São Luiz (na zona
sul) também recebeu 17 mortos por arma de fogo na última semana, contra cinco da
semana anterior. Ao menos
seis tinham tiros na cabeça.
No cemitério de Perus
(Dom Bosco), houve sete
mortes por armas de fogo. Na
semana anterior, foram duas.
(CLÁUDIA COLLUCCI, MARCELO DA SILVA GUTIERRES, SIMONE HARNIK)
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