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Mulher é acusada de pagar aborto com o Bolsa Família
Jovem de 23 anos é presa em flagrante pela PM em clínica clandestina de Aracaju
Polícia diz que responsável por aborto, também detida, ficou com cartão e senha do programa como parte do pagamento pelo serviço
FLÁVIA MARCONDES
DA AGÊNCIA FOLHA
VALTER LIMA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM ARACAJU
Uma mulher de 23 anos foi
presa em flagrante anteontem
pela Polícia Militar em Aracaju
acusada de usar o cartão do
programa federal Bolsa Família
para pagar um aborto -ela estava grávida de cinco meses.
A prisão de Juliane Santos
Oliveira ocorreu logo após o
aborto, realizado por Maria José dos Santos, que também foi
presa. De acordo com a polícia,
ela admitiu fazer abortos em
sua casa, onde a PM informou
ter encontrado medicamentos
e instrumentos cirúrgicos.
Ainda segundo a versão policial, Maria José recebeu R$
200 em dinheiro -outros R$
90 seriam pagos com o cartão
do Bolsa Família, entregue a ela
por Juliane, com a senha.
O crime foi descoberto quando PMs flagraram a irmã de Juliane e três homens enterrando
o feto em terreno baldio. Juliane e Maria José responderão
pelo crime de aborto -os demais, por ocultação de cadáver.
Juliane, que tem um filho, foi
internada no Hospital Santa
Izabel -o estado de saúde dela
não foi divulgado. A Folha tentou falar com os advogados dela e de Maria José, mas não
conseguiu localizá-los ontem.
Uso indevido
Essa não é a primeira vez que
o programa é utilizado de forma indevida. Reportagem da
Folha de 2007 já mostrava que
o cartão do Bolsa Família era
usado como "moeda". A prática, comum no interior, era feita
em ao menos dez Estados.
O desvio geralmente era praticado por comerciantes, que
recebem o cartão e a senha dos
beneficiários para sacar os valores ou como garantia para o
pagamento de dívidas.
Segundo Lúcia Modesto, responsável pela gestão do Bolsa
Família no Ministério do Desenvolvimento Social, as denúncias são encaminhadas à
Caixa Econômica Federal, que
é quem faz os pagamentos.
Ela disse que o benefício de
Juliane não será suspenso.
Afirmou também que o ministério orienta sobre o uso correto do cartão -que é pessoal e
intransferível-, mas que as famílias têm liberdade para decidir como usarão o benefício.
Pesquisa do ministério verificou que 80% dos recursos do
programa são utilizados com
alimentação, material escolar,
remédios e contas de luz.
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