São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2010

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CÍCERO PESSOA DA SILVA (1922-2010)

Um cativante professor de português

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A filosofia do professor Cícero Pessoa da Silva consistia em cativar um aluno antes para educá-lo depois. Assim, era comum que suas aulas tivessem muito humor.
Isso não significava que Cícero abria mão da seriedade. Era tão rigoroso que já chegou a reprovar a própria filha, quando ela era sua aluna, conta o filho Roberto.
Nascido em Salvador (BA), formou-se em direito, mas começou a lecionar língua portuguesa e não parou mais. Segundo o filho, o pai dedicou 71 anos à educação.
Por ter ensinado tantos estudantes, era reconhecido na rua com frequência.
Certa vez, um ex-aluno o parou no supermercado para saber se Cícero se lembrava dele. O professor se explicou: "Só me lembro dos alunos excepcionais ou dos muito fracos. Dos normais, não".
Deu aulas e dirigiu colégios públicos em sua cidade e depois passou a trabalhar em instituições particulares.
Participou da fundação do colégio Anchieta, em 1981, do qual foi diretor por 22 anos.
Ativo até o fim, era um leitor voraz de Machado de Assis, Camões, Fernando Pessoa e Padre Antônio Vieira.
Sua biblioteca não era tão grande, mas todos seus livros tinham sido muito bem lidos, gostava de dizer.
Ultimamente, adorava um carteado com os amigos.
Morreu na sexta, aos 87, de problemas respiratórios, um dia antes de fazer aniversário. Viúvo havia nove anos, teve 11 filhos (sete professores), 14 netos e três bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br


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