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CÍCERO PESSOA DA SILVA (1922-2010)
Um cativante professor de português
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A filosofia do professor Cícero Pessoa da Silva consistia em cativar um aluno antes para educá-lo depois. Assim, era comum que suas aulas tivessem muito humor.
Isso não significava que
Cícero abria mão da seriedade. Era tão rigoroso que já
chegou a reprovar a própria
filha, quando ela era sua aluna, conta o filho Roberto.
Nascido em Salvador (BA),
formou-se em direito, mas
começou a lecionar língua
portuguesa e não parou
mais. Segundo o filho, o pai
dedicou 71 anos à educação.
Por ter ensinado tantos estudantes, era reconhecido na
rua com frequência.
Certa vez, um ex-aluno o
parou no supermercado para
saber se Cícero se lembrava
dele. O professor se explicou:
"Só me lembro dos alunos
excepcionais ou dos muito
fracos. Dos normais, não".
Deu aulas e dirigiu colégios
públicos em sua cidade e depois passou a trabalhar em
instituições particulares.
Participou da fundação do
colégio Anchieta, em 1981, do
qual foi diretor por 22 anos.
Ativo até o fim, era um leitor voraz de Machado de Assis, Camões, Fernando Pessoa e Padre Antônio Vieira.
Sua biblioteca não era tão
grande, mas todos seus livros
tinham sido muito bem lidos, gostava de dizer.
Ultimamente, adorava um
carteado com os amigos.
Morreu na sexta, aos 87, de
problemas respiratórios, um
dia antes de fazer aniversário. Viúvo havia nove anos,
teve 11 filhos (sete professores), 14 netos e três bisnetos.
coluna.obituario@uol.com.br
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