São Paulo, sábado, 21 de maio de 2011

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Pior colégio tem baile funk em aula e rebelião

ADRIANA FERRAZ
DO "AGORA"

Na mochila dos alunos do ensino médio da Escola Estadual Madre Paulina, no Itaim Paulista (zona leste de SP), os cadernos e as apostilas dividem espaço com minicaixas de som e pen drives, ao menos uma vez por mês. É o dia do baile funk.
A unidade foi a que obteve a pior pontuação em língua portuguesa entre os alunos do 3º ano do ensino médio no Saresp 2010 (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo).
O ranking foi elaborado pela reportagem a partir dos boletins fornecidos pelo governo estadual.
Com 230 pontos, a Madre Paulina está no nível abaixo do básico ou insuficiente.
No colégio, é comum haver música alta dentro das salas, e em período de aula. São os alunos que fazem a seleção e determinam o horário da festa, que pode ocorrer de manhã ou à noite.
Os professores reclamam, mas não conseguem evitar, dizem os estudantes. Policiais que fazem ronda na região confirmam a prática e denunciam outros atos indisciplinares, como consumo de drogas, brigas entre gangues e até rebelião.
"Há poucos dias tivemos de entrar lá para apartar uma guerra de maçãs. Os alunos, que ficam trancados em um corredor durante as aulas, estavam se atacando com as sobras do recreio. Eles gritavam que era rebelião, e parecia mesmo", diz um policial.
A infraestrutura do colégio também não ajuda: placas de aço protegem as janelas de vidro, constantemente quebradas.
A Secretaria de Estado da Educação não autorizou a entrada da reportagem na unidade ontem. Alunos relataram, porém, diversos problemas estruturais, como cadeiras e mesas quebradas, ausência de portas nos banheiros e buracos na quadra de esportes.
O histórico de problemas desanima os próprios jovens. "Até quem tenta estudar não consegue. É um ambiente que não combina com o ensino. Estou lá desde a 5ª série [atual 6º ano do ensino fundamental] e o desânimo é geral. Tem professor bom, mas têm outros que até passam a resposta na lousa para não ter que explicar", diz Talita da Silva Medeiros, 17.
A colocação da escola no ranking do Saresp não surpreende as turmas da unidade. "É assim mesmo. Os professores já desistiram da gente", lamentou Uemerson de Bastos, 16.

OUTRO LADO
Procurada, a Secretaria da Educação não se manifestou até a conclusão desta edição.


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