São Paulo, quarta-feira, 21 de junho de 2000


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RANKING
Estudo da Organização Mundial de Saúde indica que França possui o melhor desempenho de 191 nações avaliadas
Sistema de saúde do país é o 125º do mundo

DA REPORTAGEM LOCAL

A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulga oficialmente hoje um ranking inédito sobre os sistemas de saúde de 191 países. O Brasil aparece na 125ª posição, atrás de países como Paraguai, El Salvador ou Butão.
Nas Américas, o Brasil supera apenas Bolívia, Guiana, Peru, Honduras e Haiti. O líder do ranking é a França, seguida por Itália, San Marino, Andorra, Malta, Cingapura e Espanha.
Na outra ponta, Serra Leoa tem o pior sistema de saúde do planeta, seguida por Myanma (ex-Birmânia), República Centro-Africana, Congo, Nigéria e Libéria.
É a primeira vez que a OMS faz o ranking dos sistemas de saúde em todo o mundo e avalia as redes de acordo com sua eficácia, custo por habitantes, igualdade no financiamento da saúde e a capacidade de promover justiça social.
Considerando-se só o quesito igualdade no pagamento do sistema, o Brasil despenca para a 189ª posição. Ou seja, é o terceiro país mais desigual, e só é melhor que Myanma e Serra Leoa.
O país americano mais bem colocado no ranking é a Colômbia (22º), que, no quesito igualdade, é o primeiro colocado. Segundo a OMS, um pobre colombiano gasta US$ 1 por ano com saúde, enquanto um rico gasta US$ 7,6.
"O Brasil, uma nação de investimento médio, fica entre os últimos colocados em razão dos elevados desembolsos que a população destina para cobrir gastos com saúde", diz o relatório.
A OMS faz os mesmos comentários para Peru, Rússia e China.
Segundo a organização, ocorrem falhas nos sistemas de saúde porque os ministérios concentram-se no setor público e dão pouca atenção ao setor privado, geralmente muito maior.
Outra causa apontada pelo estudo é que, em alguns países, os médicos atendem simultaneamente pacientes públicos e privados em instalações públicas, o que significa um subsídio do setor público para o setor privado. E uma consequente queda na capacidade e na qualidade do setor público.
Ainda segundo o estudo, muitos governos fracassam em evitar "um mercado negro" na saúde, com corrupção generalizada, subornos, exercício ilegal da profissão e outras irregularidades. "Muitos ministérios da Saúde não fazem cumprir leis e regulações que eles criaram", diz o texto.
O Brasil aparece mais bem colocado no quesito gasto sanitário anual. Ocupa a 54ª posição, gastando US$ 428 per capita. A Argentina gasta US$ 823, a Albânia, US$ 63, e Angola, US$ 47.
Os países com os piores índices ficam ao sul do Saara, na África, com baixa esperança de vida e com a Aids como um dos principais problemas de saúde pública.
Nos países industrializados, há os maiores investimentos públicos em saúde. Nesses países, cerca de 25% dos gastos do setor são privados. Na Índia, 80% dos gastos são pagos pelo paciente quando utiliza algum serviço de saúde.
Segundo o relatório, com uma rede ruim, muitas famílias gastam mais do que podem em urgência repentina. "As doenças conduzem a população mais pobre ao endividamento", diz o texto.
Apesar de serem os maiores investidores sanitários per capita, na classificação geral, os Estados Unidos aparecem em 6º lugar na América e em 37º no mundo.
No Oriente Médio, Omã apresentou os melhores resultados globais e ficou em 8º lugar no ranking mundial. A OMS atribuiu ao país um grande investimento em saúde nos últimos 30 anos.
Segundo o relatório, em 1970, o sistema de saúde de Omã era ruim e a taxa de mortalidade infantil, alta. Mas houve grandes investimentos do governo na área, que melhoraram o atendimento. Na Ásia, Cingapura (6º) e Japão (10º) tiveram os melhores resultados. Nas Américas, destacam-se Chile, Costa Rica e Cuba.
Serra Leoa teve índice geral zero. É o país que menos gasta per capita na área sanitária, US$ 31, e que apresenta a menor expectativa de vida: 25,9 anos.



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