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AMBIENTE
Mauá, Bauru e Cidade dos Meninos serão analisadas
Funasa avalia risco à saúde para morador de área contaminada
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil tem no mínimo 4.000
áreas poluídas por resíduos perigosos, segundo estimativas da Vigilância Ambiental em Saúde da
Funasa (Fundação Nacional de
Saúde). Das 250 já cadastradas
pelo órgão, seis foram selecionadas e integram um projeto-piloto
de avaliação do risco à saúde para
quem mora nesses locais.
Entre os "eleitos" estão o Residencial Barão de Mauá, construído em cima de um aterro industrial clandestino na Grande São
Paulo; Bauru (343 km de SP), onde a fábrica de baterias Ajax é acusada de emitir chumbo em altas
concentrações, contaminando
pelo menos 162 crianças; e Cidade
dos Meninos, em Duque de Caxias (RJ), contaminada nos anos
50 por um inseticida produzido
pelo próprio Ministério da Saúde.
A Funasa quer, até o fim do ano,
ter identificado o tipo e o grau de
contaminação ambiental dessas
regiões, por que vias a população
pode ter contato com os produtos
perigosos e se a saúde humana já
foi afetada. O objetivo é decidir
qual será o futuro dos moradores.
"A preocupação é que se determine se eles devem sair do local
ou, se puderem ficar, o que tem de
ser feito para acompanhar a sua
saúde e diminuir a exposição aos
tóxicos", diz Guilherme Franco
Netto, coordenador-geral da Vigilância Ambiental em Saúde.
A avaliação das pessoas é feita
por exames laboratoriais, químicos e toxicológicos, em parceria
com os órgãos locais de saúde.
Integram o projeto-piloto também as cidades de Santana (AP),
onde arsênio decorrente da extração de manganês na Serra do Navio contaminou a água; Santo
Amaro da Purificação (BA), poluída pela deposição a céu aberto
de 500 mil t de escória de chumbo;
e Goiânia (GO), onde, em 1988,
uma cápsula de Césio-137 acabou
matando quatro e afetando a saúde de mais de 1.600 pessoas.
Os critérios para a escolha das
regiões foram o alto grau de contaminação, a existência de um número significativo de pessoas expostas e solicitações feitas pelas
secretarias estaduais de Saúde.
A intenção, diz Netto, é expandir o projeto, em parceria com os
Estados e municípios, para todas
as áreas poluídas identificadas.
Uma das próximas pode ser a Vila
Carioca (zona sul de SP), cujos
subsolo e água subterrânea foram
contaminados pela Shell.
Para tanto, ele avalia, porém, ser
preciso consolidar a metodologia,
já usada há mais de 20 anos pela
ATSDR, sigla em inglês para
Agência de Registro de Doenças
Causadas por Substâncias Tóxicas, do governo dos EUA.
A Funasa está investindo R$ 150
mil no projeto-piloto.
Para os moradores do Barão de
Mauá, a notícia da entrada em cena do órgão federal veio como
uma boa surpresa tardia. "Vemos
com bons olhos porque parece
que todos nos abandonaram. Antes tarde do que nunca", diz Tânia
Regina da Silva, 43, síndica da sétima etapa do condomínio.
Perto do "aniversário" de um
ano da denúncia da contaminação, ela conta que a vida lá voltou
ao normal, mas que as pessoas
ainda se sentem desinformadas.
"Quem sabe a Funasa consiga nos
dar uma certa tranquilidade."
A retirada e tratamento dos vapores do solo, entre eles o cancerígeno benzeno, vem ocorrendo
desde fevereiro e uma ação civil
pública contra as construtoras do
residencial corre na Justiça.
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