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SEGURANÇA
Polícia Militar de Minas ajuda a descobrir casa onde ficavam os equipamentos que passavam ligações para o traficante
PF estoura central telefônica de Beira-Mar
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
A PF (Polícia Federal) e a PM (Polícia Militar) estouraram anteontem em Contagem (região metropolitana de Belo Horizonte) a central telefônica clandestina
que estaria sendo usada pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-mar, preso em Bangu 1 (zona oeste do Rio).
Claiton Rubens Rocha, 26, foi
preso. Segundo a PF, ele é foragido da Justiça e dono da casa onde
funcionava a central.
A operação "Bangu", realizada
em Minas Gerais, foi um desdobramento da investigação do Ministério Público Estadual do Rio.
A apuração comprovou, com
base em gravações telefônicas,
que os presos telefonavam livremente de Bangu 1, controlando
seus negócios de drogas e encomendando até um míssil Stinger.
Numa busca realizada segunda-feira no presídio foram apreendidos sete celulares, além de equipamentos, conexões telefônicas,
maconha e facas artesanais.
Segundo o Ministério Público,
quem quisesse falar com Beira-Mar e seus homens ligava para a
central em Minas Gerais, que, graças ao dispositivo siga-me, transferia a chamada para os celulares
dos traficantes presos.
Na casa de Contagem foi encontrada uma agenda com nomes, telefones e números de matrícula de
presos em vários Estados brasileiros. Havia também equipamentos, fotos e documentos.
O material está sendo submetido a perícia em Minas. Preso na
operação, Rocha já prestou depoimento e se negou a dar qualquer informação.
Outros dois endereços foram
vasculhados pelos policiais mineiros, um também em Contagem e um em Belo Horizonte, cuja casa pertence a Josias José de
Almeida, que cumpre pena em
Ribeirão das Neves (MG). Foram
encontrados apenas pedaços de
fiação telefônica.
Beira-Mar tem muitos contatos
em Minas. Chegou a fazer a "Rota
do Triângulo", usando cidades do
Triângulo Mineiro como rota de
tráfico. Lá paravam os aviões que
traziam cocaína boliviana para
abastecer favelas do Rio.
A ligação de Beira-Mar com criminosos mineiros começou em
1994, quando, perseguido pela
polícia do Rio, o traficante se refugiou em Minas Gerais.
Desconhecido e endinheirado,
Beira-Mar se radicou em Betim
(região metropolitana da capital
mineira), onde passou a se dedicar à construção civil -uma fachada para o tráfico, segundo a
polícia mineira.
O traficante foi preso na capital
mineira em junho de 1996 e condenado a 12 anos de prisão por
tráfico. Em março de 1997, ele fugiu da cadeia.
Com o auxílio de informações
da polícia brasileira, na terça-feira
policiais do Suriname prenderam
o colombiano Eugenio Vargas, o
Carlos Bolas, acusado de ser um
dos vendedores de droga para
Beira-Mar. Vargas já está sob custódia da DEA (órgão do governo
dos EUA encarregado do combate às drogas).
Propina
O corregedor-geral da Secretaria da Segurança do Rio, Aldinei
Zacarias Peixoto, pediu ao Ministério Público Estadual as gravações em que traficantes combinam pagamento de propina a policiais militares.
Os telefonemas rastreados mostram Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar, e Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim, orientando o também traficante conhecido como Índio
-que atuaria em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense-
sobre o suborno de policiais.
De acordo com a conversa, os
policiais, que, segundo o comandante da PM do Rio, coronel
Francisco Braz, seriam do 15º Batalhão (Caxias), receberiam R$
100 e R$ 500 para que não atrapalhassem a venda de drogas.
Índio também é orientado a não pagar propina a policiais que moram nas favelas próximas. Eles deveriam colaborar como forma de garantir a própria sobrevivência e a da família.
Como os criminosos não disseram nomes, o corregedor-geral
requereu a lista dos policiais que estavam trabalhando na época em que as conversas foram rastreadas. "Com a lista e as fitas, nós
vamos interrogar os presos para que dêem os nomes, sob pena de
sofrerem sanções", disse Peixoto.
A Folha procurou por telefone o comandante do 15º Batalhão, o tenente-coronel Dinaldo Carneiro de Macedo, mas até a conclusão desta edição ele não tinha sido localizado.
Colaborou ALESSANDRA KORMANN, da Agência Folha
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