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São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

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PATRIMÔNIO

Um dos mais belos conjuntos de azulejos coloniais pode ser apreciado por quem for a um dos cartões-postais do Rio

Restauro torna públicos painéis da igreja da Glória

DA SUCURSAL DO RIO
E DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A partir de segunda-feira, cariocas e turistas terão a oportunidade de conhecer, totalmente restaurado, um dos mais belos conjuntos de azulejos coloniais portugueses existentes no Brasil. A relíquia fica na Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, na Glória, zona sul do Rio.
A recuperação dos cerca de 8.000 azulejos levou 18 meses. O custo foi de R$ 1,5 milhão, rateado entre o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que gastou R$ 1,3 milhão, e a Petrobras, que deu os R$ 200 mil restantes.
Técnicos portugueses e brasileiros trabalharam em parceria na execução do projeto de restauro dos painéis, que foram feitos há quase 300 anos e estavam em péssimo estado de conservação, corroídos por fungos e danificados pela salinidade.
Precursora no país da arquitetura barroca, a igreja foi construída sobre a colina em que o fundador da cidade, Estácio de Sá, foi mortalmente ferido em 1567, em batalha contra os franceses. Concluída em 1739 após 25 anos de obras, ela é um dos cartões-postais do Rio.
Embora a proximidade do mar tenha contribuído para a deterioração dos painéis, os técnicos envolvidos no restauro, por causa do elevado índice de sal encontrado nas peças, desenvolveram uma tese sobre as condições de transporte do material de Portugal.
A diretora do Departamento de Comunicação e Cultura do BNDES, Elizabeth São Paulo, conta que, para os técnicos, os azulejos foram armazenados no porão alagado de um navio. Daí a grande concentração de sal encontrada e removida graças a uma técnica criada por brasileiros -o painel é coberto por uma espécie de barro, em que o sal adere.
O restauro foi coordenado e executado pela Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, de Portugal, referência na recuperação de azulejos e mobiliários.
Historiadores e especialistas em arquitetura barroca destacam a sobriedade dos painéis do Outeiro que, em 1938, foi tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
A cerimônia que marcará o encerramento dos trabalhos de conservação e restauro dos azulejos ocorrerá às 10h de segunda-feira.
A inauguração dos painéis, que cobrem a sacristia, a nave, o altar e o coro alto da igreja, faz parte dos festejos pelo 51º aniversário do BNDES. No Estado do Rio, estão sendo restauradas construções seculares, como o Paço Imperial e a Igreja de Santa Luzia, localizados no centro, o Forte São José, que fica na Urca, zona sul, e a Fortaleza de Santa Cruz, situada em Niterói, cidade a 15 km do Rio.

Inquérito em MG
Em Minas Gerais, porém, a Procuradoria da República instaurou ontem inquérito civil público para apurar o incêndio na igreja de Nossa Senhora das Mercês, em Sabará, edificada no início do século 18 e destruída parcialmente na madrugada de anteontem pelo fogo. Ela é tombada pelo patrimônio histórico nacional desde 1938.
O Ministério Público quer informações sobre o laudo do Corpo de Bombeiros, de outubro de 2002, apontando uma série de problemas, principalmente na fiação elétrica, e o que foi feito em razão disso. Já foram expedidos ofícios também para a Prefeitura de Sabará, para a igreja e para o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
A informação sobre a comunicação ao Iphan partiu do pároco Nilson Moreira. O padre diz ter pedido a elaboração de um projeto de segurança.


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