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PATRIMÔNIO
Um dos mais belos conjuntos de azulejos coloniais pode ser apreciado por quem for a um dos cartões-postais do Rio
Restauro torna públicos painéis da igreja da Glória
DA SUCURSAL DO RIO
E DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A partir de segunda-feira, cariocas e turistas terão a oportunidade de conhecer, totalmente restaurado, um dos mais belos conjuntos de azulejos coloniais portugueses existentes no Brasil. A
relíquia fica na Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, na
Glória, zona sul do Rio.
A recuperação dos cerca de
8.000 azulejos levou 18 meses. O
custo foi de R$ 1,5 milhão, rateado
entre o BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social), que gastou R$ 1,3 milhão, e a Petrobras, que deu os R$
200 mil restantes.
Técnicos portugueses e brasileiros trabalharam em parceria na
execução do projeto de restauro
dos painéis, que foram feitos há
quase 300 anos e estavam em péssimo estado de conservação, corroídos por fungos e danificados
pela salinidade.
Precursora no país da arquitetura barroca, a igreja foi construída sobre a colina em que o fundador da cidade, Estácio de Sá, foi
mortalmente ferido em 1567, em
batalha contra os franceses. Concluída em 1739 após 25 anos de
obras, ela é um dos cartões-postais do Rio.
Embora a proximidade do mar
tenha contribuído para a deterioração dos painéis, os técnicos envolvidos no restauro, por causa
do elevado índice de sal encontrado nas peças, desenvolveram uma
tese sobre as condições de transporte do material de Portugal.
A diretora do Departamento de
Comunicação e Cultura do
BNDES, Elizabeth São Paulo, conta que, para os técnicos, os azulejos foram armazenados no porão
alagado de um navio. Daí a grande concentração de sal encontrada e removida graças a uma técnica criada por brasileiros -o painel é coberto por uma espécie de
barro, em que o sal adere.
O restauro foi coordenado e
executado pela Fundação Ricardo
Espírito Santo Silva, de Portugal,
referência na recuperação de azulejos e mobiliários.
Historiadores e especialistas em
arquitetura barroca destacam a
sobriedade dos painéis do Outeiro que, em 1938, foi tombado pelo
Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional).
A cerimônia que marcará o encerramento dos trabalhos de conservação e restauro dos azulejos
ocorrerá às 10h de segunda-feira.
A inauguração dos painéis, que
cobrem a sacristia, a nave, o altar e
o coro alto da igreja, faz parte dos
festejos pelo 51º aniversário do
BNDES. No Estado do Rio, estão
sendo restauradas construções
seculares, como o Paço Imperial e
a Igreja de Santa Luzia, localizados no centro, o Forte São José,
que fica na Urca, zona sul, e a Fortaleza de Santa Cruz, situada em
Niterói, cidade a 15 km do Rio.
Inquérito em MG
Em Minas Gerais, porém, a Procuradoria da República instaurou
ontem inquérito civil público para apurar o incêndio na igreja de
Nossa Senhora das Mercês, em
Sabará, edificada no início do século 18 e destruída parcialmente
na madrugada de anteontem pelo
fogo. Ela é tombada pelo patrimônio histórico nacional desde 1938.
O Ministério Público quer informações sobre o laudo do Corpo de Bombeiros, de outubro de
2002, apontando uma série de
problemas, principalmente na
fiação elétrica, e o que foi feito em
razão disso. Já foram expedidos
ofícios também para a Prefeitura
de Sabará, para a igreja e para o
Iphan (Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional).
A informação sobre a comunicação ao Iphan partiu do pároco
Nilson Moreira. O padre diz ter
pedido a elaboração de um projeto de segurança.
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