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EDUCAÇÃO
Decisão do Inep deve ser questionada na Justiça
Instituto anula licitação do Enem e exame deste ano pode não ocorrer
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais) decidiu, na quarta-feira,
anular o edital de licitação do
Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano por não ter
seguido uma regra prevista na Lei
das Licitações. Mas a própria procuradoria jurídica do órgão contesta a decisão, tomada pelo presidente do Inep, Otaviano Helene.
Se confirmada a suspensão, pode não haver tempo para a aplicação do exame até dezembro.
Na quarta-feira, Helene conversou com representantes da Fundação Cesgranrio e do consórcio
formado pela Cespe, vinculada à
UnB, e Vunesp, ligada à Unesp,
que disputam a concorrência.
Elas foram avisadas oficialmente da intenção do Inep de anular a
licitação. Esse é o procedimento
burocrático, previsto em lei, que
precede o cancelamento do edital.
As duas instituições têm até quinta-feira para recorrer.
Helene disse às fundações que,
diferentemente do que prevê a lei,
o Inep não analisou a proposta
técnica antes da proposta de preço. Os envelopes teriam sido examinados em uma mesma audiência. A Lei das Licitações prevê que
a abertura das propostas de preço
acontecerá após classificação das
propostas técnicas.
A comissão de licitação consultou, então, a procuradoria jurídica do Inep, que informou não haver "ilegalidade" no procedimento e recomendou a continuidade
do processo. Sem levar isso em
conta, Helene suspendeu a concorrência, que já dura 42 dias.
Segundo o procurador do Inep,
José Solino Neto, "a doutrina é vacilante". Ou seja, não é tão rígida a
determinação, prevista na lei, da
ordem de análise das propostas.
As concorrentes concordam
com o procurador. Segundo Romilda Guimarães Macarini, presidente do Cespe (Centro de Seleção e Promoção de Eventos), da
UnB (Universidade de Brasília),
se a licitação for adiada por uma
semana, "já compromete e muito" a realização do exame.
Tanto a Cesgranrio quanto o
consórcio Cespe/Vunesp informaram que devem recorrer. Em
todo o país, cerca de 400 instituições, entre elas a USP (Universidade de São Paulo), aceitam o
Enem para a composição da nota
na primeira fase do vestibular.
Outro lado
A decisão de anular a licitação
foi tomada pelo presidente do
Inep após ouvir pareceres da comissão de licitação e da procuradoria jurídica. Segundo Helene,
"a data [do exame] está mantida".
A Folha não conseguiu localizar o
ministro Cristovam Buarque até o
fechamento desta edição.
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