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Medo e euforia dominam modelos estreantes na SPFW
ALAN DE FARIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há poucos meses, a São Paulo Fashion Week não passava
de uma fantasia para a modelo
catarinense Vanessa Zamianni,
16. "Eu nunca imaginei que estaria aqui. Era o meu grande sonho", diz. Filha de um pedreiro,
ela nasceu na pequena Iporã do
Oeste (730 km da capital de
Santa Catarina, oito mil habitantes). Descoberta por um
"olheiro" de agência de modelos aos 12 anos, logo começou a
trabalhar em seu Estado.
Nesta semana, a modelo estreou nas passarelas da principal semana de moda do país,
onde desfilou para Alexandre
Herchcovitch, Fabia Bercsek e
outras marcas.
"Aqui é muito diferente dos
trabalhos que eu fazia em Chapecó (SC). Lá era tudo calmo.
Na SPFW é uma loucura, bem
agitado e com mais gente. A minha responsabilidade também
é muito maior."
Agora, Vanessa se prepara
para deixar a casa de seus pais e
mudar definitivamente para
São Paulo. "Vou ter que abandonar os estudos mesmo."
A gaúcha Cristiane Stamboroski, 17, outra "new face" na
SPFW, nasceu em Ijuí, cidade
de 76 mil habitantes do Rio
Grande do Sul. "Fico morrendo
de medo de errar na passarela.
Acho que é porque eu tenho a
consciência do tamanho da
SPFW e que tem muita gente
observando as modelos também", afirma a gaúcha.
Modelo há cinco meses, agora mora com mais cinco meninas em um apartamento em
São Paulo. "Não tenho tanta
privacidade, mas, como trabalho muito, acabo nem tendo
muito contato com elas", diz
Cristiane, que foi uma das finalistas do último concurso Supermodel Brazil, promovido
pela Ford Models.
O carioca Frederico Bertani,
18, passou os últimos dias em
estado de apreensão e euforia.
Descoberto pela agência de
modelos 40 Graus no Orkut, ele
tem apenas um mês de profissão. Hoje, vai desfilar pela primeira vez para a Cavalera.
"Estou perdendo provas por
participar da SPFW. Tem sido
complicado conciliar a escola e
a carreira", revela Bertani, que
é aluno de relações internacionais na UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro). Entusiasmado, ele já pensa em
trancar a faculdade.
A baiana Indira Carvalho, 19,
também novata na SPFW, esperou quatro anos pela oportunidade. Ela começou a trabalhar aos 15 e se diz surpresa
com o fato de, para as marcas
Fause Haten e Ronaldo Fraga,
nem ter precisado passar pelo
casting.
Ela também participou do
Fashion Rio e diz que dará parte do seu cachê dos desfiles da
temporada carioca e paulista
para a mãe, que trabalha como
auxiliar de laboratório. "Não
sei, mas acho que, ao todo, vou
ganhar uns R$ 10 mil."
Há três semanas morando no
Rio, na casa de um amigo, Indira conta que morre de saudades
da família e da comida baiana.
Na última quinta, em São Paulo, ela comemorava o fato de ter
encontrado um pequeno restaurante onde era servido acarajé. "Já estava sentindo falta
do tempero baiano", diz.
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