São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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SEGURANÇA

Neste ano, das 36,2 mil ordens de prisão, 28,8 mil foram executadas; Divisão de Capturas tem 50 homens na capital paulista

20% dos mandados não são cumpridos

DA REPORTAGEM LOCAL

Um em cada cinco mandados de prisão recebidos pela polícia de São Paulo no primeiro semestre deste ano não foi cumprido, segundo balanço inédito divulgado pela Divisão de Capturas.
Isso representa quase 7.500 ordens judiciais incluídas no cadastro estadual de foragidos, que hoje acumula 120 mil decisões pendentes (uma pessoa pode ter mais de um mandado de busca).
Dos 36,2 mil mandados expedidos pela Justiça de janeiro a junho, 28,8 mil foram executados em ações das duas polícias, Civil e Militar, que juntas têm cerca de 120 mil homens no Estado.
A estatística abrange prisões criminais e administrativas -por não-pagamento de pensão alimentícia, por exemplo-, que representam 25% das ordens de captura incluídas no cadastro.
Apenas a Divisão de Capturas da capital, órgão da Polícia Civil, estima ter feito 10% das prisões desse período. As dez equipes, com 50 policiais, atuam também na Grande São Paulo e, em casos especiais, no interior.
A unidade passa por um processo de modernização e informatização, que começou há pouco mais de um ano. Os computadores que permitiram a divulgação da primeira avaliação estatística foram doados por empresas. Mas as caixas repletas de papéis -os mandados- ainda existem.
""Tínhamos de estar bem mais informatizados, ainda estamos de forma precária", afirma o delegado Fernando Vilhena, responsável pela Divisão de Capturas.
A unidade planeja reduzir o número de mandados pendentes com um mutirão interno, a exemplo do que foi feito nas ordens de prisão da capital nos últimos seis meses. Cerca de 60% das pendências da cidade de São Paulo foram excluídas das caixas porque já tinham saído contra-ordens de prisão, os procurados já estavam detidos, morreram ou venceu a validade de execução da ordem.
Hoje, após a avaliação no arquivo, há 25 mil mandados não cumpridos na capital -2.500 por equipe da Divisão de Captura.
E novos mandados não param de chegar, assim como o número de presos no Estado não pára de crescer. De 94 para cá, a população carcerária no Estado saltou de 55 mil para 102,6 mil detentos.
O acúmulo gera uma fila na ordem de serviço dos investigadores, alterada, segundo apurou a Folha, por familiares de vítimas que levam informações de condenados, por pedidos judiciais ou por denúncias anônimas que chegam com o endereço do foragido.
O primeiro problema para as equipes de captura é localizar os procurados. ""Quando o processo chega em nossas mãos, após cinco anos, por exemplo, o endereço já era", afirma o delegado José Carlos Gambarini.
O mandado judicial chega sem fotografia recente. Os policiais precisam procurar nos arquivos do IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt), na capital, onde há foto da época em que o procurado deu entrada no pedido de RG. Outro recurso é visitar delegacias que já o investigaram para obter fotos recentes. Isso antes de buscar informações do fugitivo. (ALESSANDRO SILVA)


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