São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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TRÂNSITO

Rodovias estaduais da região estão mal conservadas

Uma pessoa morre a cada cinco dias nas estradas de Campinas

RAQUEL LIMA
DA FOLHA CAMPINAS

RICARDO LIMA
REPÓRTER FOTOGRÁFICO

A cada cinco dias, uma pessoa morre vítima de acidente em quatro rodovias secundárias da região de Campinas administradas pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem).
Nelas, o departamento registrou no primeiro semestre deste ano 595 acidentes e 34 mortes. As rodovias são a SP-101, a SP-127, a SP-308 e a SP-63.
Na última sexta-feira, a Folha percorreu as quatro estradas, além das rodovias Luiz de Queiroz (SP-304) e a SP-113, que liga Rafard a Tietê. Ambas também são consideradas críticas. As estatísticas dos acidentes registrados nessas estradas não foram divulgadas pelo DER.
O departamento informou, por meio da assessoria, que está cumprindo o cronograma de obras de recuperação e manutenção das rodovias. A viagem da Folha teve início na Luiz de Queiroz.
Para a Polícia Rodoviária, a neblina e a imprudência dos motoristas são as principais responsáveis pelos acidentes. A condição das estradas? Para a Polícia Rodoviária, o estado é bom.
No entanto não foi preciso andar mais de dois quilômetros para encontrar o primeiro buraco, próximo ao km 155, no sentido de quem vai de Piracicaba à rodovia Anhanguera. Outras falhas na pista e no acostamento foram encontradas no trecho de 25 km rodados na Luiz de Queiroz.
Há placas indicando a presença de radares na rodovia, mas poucas que informam qual é a velocidade máxima permitida -110 km/h para carros e 90 km/h para caminhões e ônibus.

Parado na pista
No sentido Piracicaba, um caminhão parado, quase no meio da pista. O veículo do caminhoneiro Antônio Tarciso da Silva, 48, de Ourinhos (SP), quebrou quando ele transportava cerca de 30 litros de produto químico.
"Tem muito buraco na pista. Tenho medo de perder o controle do caminhão. Além disso, estraga todo o amortecedor do veículo."
"Passei aqui há um ano e meio e piorou bastante a condição da rodovia", disse Silva, caminhoneiro há 28 anos.
O ponto mais crítico da viagem foi a passagem pela SP-101, que liga Campinas à SP-127.
Partindo da rodovia que liga Piracicaba a Tietê, há um grande trecho sem acostamento, faixa e placas de sinalização.
"Tive que parar aqui e pedir ajuda para me orientar porque não vi nenhuma placa na rodovia", afirmou o caminhoneiro de Campinas Davi Magnusson, 33.
Quando as placas começam a aparecer, o motorista tem de fazer esforço para vê-las -estão no meio do alto matagal da margem.
Da SP-101, a Folha também trafegou pela SP-113, que liga Rafard a Tietê. São 14 quilômetros de recapeamento novo. Mas uma placa avisa aos motoristas: "pista sem sinalização". À noite, os riscos de acidentes se multiplicam.
Além dos problemas de falta de conservação das estradas, a imprudência dos motoristas também causam acidentes. A reportagem flagrou pelo menos cinco ultrapassagens perigosas.

DER
O DER informou, por meio da assessoria de imprensa, que a sinalização atual da SP-101 é emergencial devido às obras no local.
O departamento informou, ainda, que há placas de alerta da situação da rodovia aos motoristas e que, no próximo mês de agosto, todas as obras na SP-101 devem estar concluídas.
O governo do Estado anunciou recentemente a duplicação de oito quilômetros da SP-308, a Rodovia do Açúcar -a obra será do km 161,98 ao 153,3.
Sobre a SP-63, a assessoria do DER informou que as obras de recuperação dos cerca de 55 quilômetros da rodovia serão iniciadas no próximo mês pelo governo.
Segundo a assessoria do órgão, as obras incluem a melhoria do pavimento da pista, a pavimentação dos acostamentos, além da construção e adequação dos acessos à rodovia.
As obras estão avaliadas em cerca de R$ 16,7 milhões. O prazo previsto para a execução delas é de 12 meses.



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