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ENSINO SUPERIOR
Estudantes terão aulas em período integral e serão assistidos por um tutor; material didático é inédito
FGV lança cursos de economia e direito
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fundação Getúlio Vargas de
São Paulo lança no mercado dois
novos cursos de graduação -de
economia e direito- com uma
proposta de método pedagógico
inovadora. Ambos os cursos funcionarão em período integral,
com apenas uma turma por ano
-de 50 alunos, que serão assistidos por um tutor desde o início da
graduação.
Além disso, todo o material didático a ser usado é inédito, elaborado por economistas e juristas
altamente especializados. Outra
novidade é que, no último ano, os
alunos dos dois cursos, orientados pelo tutor, poderão cumprir
disciplinas em outras escolas da
FGV, de acordo com suas habilidades e interesses profissionais.
Segundo os coordenadores dos
cursos, a proposta é eliminar a
distância que existe hoje entre a
teoria aprendida em sala de aula e
a prática profissional. A solução
encontrada foi montar uma grade
curricular que possibilitasse uma
imersão nos problemas reais das
áreas econômica e jurídica.
No caso do curso de economia,
cujas inscrições para o primeiro
vestibular começam no dia 15 de
agosto, uma das novidades é uma
parceria já firmada com o Sinduscon (sindicato da indústria de
construção civil), por meio da
qual os alunos vão trabalhar com
questões reais do setor, como
análises de conjunturas e pesquisas de opinião.
"Eles terão aula teórica pela manhã e, à tarde, resolverão problemas reais, utilizando conceitos
econômicos devidamente contextualizados", afirma o economista
Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia da FGV. Além
da graduação, a escola oferece
pós-graduação acadêmica e profissional e cursos de especialização e educação continuada.
Para Nakano, ex-secretário da
Fazenda do governo Mário Covas, os atuais modelos de cursos
de economia no país estão em decadência. "O ensino é muito ruim
devido a um método pedagógico
errado. As aulas são apenas expositivas, o que cria um fosso entre a
teoria e a realidade."
Segundo Nakano, outro objetivo do curso é desenvolver no aluno uma disciplina mental -tanto
quanto a de um engenheiro, matemático ou físico- e uma formação humanística, para que ele
possa entender e interagir com o
contexto social e político. "Vamos
ensiná-lo a aprender a aprender
com jogos e vivência de situações
reais, a ter raciocínio crítico e pensamento estratégico e trabalhar
em equipe", diz. A mensalidade
do curso será de R$ 1.298.
Curso de direito
Para o advogado Ary Oswaldo
Mattos Filho, coordenador da Escola de Direito da FGV, o curso de
graduação -que deve começar
em 2005- pretende formar um
tipo de profissional que as faculdades de direito não estão provendo. Há no país 667 escolas de
direito, que formam por ano 84
mil bacharéis. No entanto apenas
75% deles conseguem passar nos
exames de ordem da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Segundo Mattos Filho, a idéia é
dar aos alunos um tipo de conhecimento, paralelo ao legal, que
atenda às necessidades do mercado. O ensino de contabilidade e de
micro e macroeconomia para
prática do direito comercial e tributário é uma das propostas.
Outra necessidade, afirma, é o
aprendizado das técnicas de negociação. "O advogado precisa de
um tipo de conhecimento que
não o conduza, desde o início, ao
confronto em juízo. O sistema de
decisão judicial é lento, e a empresa não pode esperar tanto tempo
porque isso implica custos."
Custo
O curso de direito também dará
especial enfoque ao ensino do inglês jurídico. "Em todas as transações internacionais, os contratos
são feitos em inglês", afirma Mattos Filho. Para ele, é fundamental
que o advogado saiba proteger os
interesses dos empresários brasileiros nos organismos internacionais, como na OMC (Organização
Mundial do Comércio).
Com uma carga horária de 5.100
horas/aula -os outros cursos
têm, em média, 3.600 horas/aula-, o curso de direito da FGV terá mensalidade estimada em R$
3.000, a mais cara do país, de acordo com a OAB.
"É um curso elitista, sim. A diferença é que, na nossa escola, a elite que quer estudar paga. Na escola pública, ela estuda de graça",
afirma Mattos Filho.
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