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ADOLESCENTES INFRATORES
43 internos fugiram de unidade de alta contenção pela porta da frente; apenas 8 foram recapturados
Febem reforçada tem fuga em massa
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O que deveria ser uma unidade
de alta contenção da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do
Menor) de São Paulo, com maior
isolamento de internos problemáticos e muros mais altos, passou pelo primeiro teste, e o resultado foi negativo.
Dos 114 internos da unidade 37
do complexo Raposo Tavares, na
capital paulista, 43 (37,7%) escaparam pelo portão da frente anteontem à noite. Apenas oito haviam sido recapturados até a noite
de ontem, segundo a Febem.
Um segurança terceirizado, um
monitor e três adolescentes tiveram ferimentos leves durante a
rebelião, iniciada após a fuga.
A unidade 37 faz parte do grupo
de cinco novos estabelecimentos
da fundação anunciados pelo governo paulista para abrigar jovens
com perfil reincidente grave, na
maioria remanescentes das unidades 30 e 31 de Franco da Rocha
(Grande SP), já desativadas.
Com o objetivo de dar um tratamento diferenciado para adolescentes considerados mais perigosos, o governo construiu cinco
unidades -duas na Raposo Tavares, duas na Vila Maria e uma
no Tatuapé, todas em São Paulo.
O maior isolamento, nesse novo
perfil, seria uma medida de segurança contra rebeliões e fugas e
permitiria um atendimento pedagógico mais direto. Essas unidades têm 75 quartos e poderiam
abrigar 150 internos.
Mas, por segurança, a Febem
diz que decidiu não preencher essa capacidade para permitir que
alguns internos ficassem em dormitórios isolados. A superlotação
aumentaria o risco de rebeliões e
fugas, principalmente em relação
a internos mais problemáticos.
Os muros dessas cinco unidades
também são mais altos. Medem
sete metros, enquanto nas outras
unidades têm, em média, cinco
metros de altura.
O prédio também foi projetado
para evitar que os internos cheguem ao telhado da unidade. E a
estrutura é mais forte para impedir que os jovens destruam o concreto para retirar as barras de ferro usadas na confecção de armas.
Primeira fuga
O novo prédio da unidade 37
-que funcionava improvisadamente em um centro olímpico,
também no complexo Raposo Tavares- foi inaugurado em fevereiro deste ano.
Segundo a Febem, essa foi a primeira fuga no local. Não houve
ajuda externa. Por volta das 22h30
de anteontem, um grupo de jovens, armados com barras de ferro e facas improvisadas, rendeu
vários funcionários, chegou ao
pátio e saiu pelo portão da frente.
Dos 17 funcionários do plantão,
apenas nove estavam no local por
causa da greve da categoria, iniciada no último dia 2.
O grupo de apoio da Febem
-conhecido como "choquinho"- e a Polícia Militar foram
acionados e os internos que ficaram começaram uma rebelião.
Doze funcionários foram feitos
reféns. A rebelião só foi controlada à 1h15 de ontem. Seis internos
com mais de 18 anos foram levados para a delegacia para serem
indiciados por incitação à greve e
formação de quadrilha.
A unidade 37 é investigada pelo
Ministério Público desde o começo do ano, quando ainda estava
nas instalações do centro olímpico. Segundo depoimento de internos e de mães, os jovens eram
obrigados a ficar o dia inteiro sentados, sem falar ou se mexer.
Se não obedecessem, eram agredidos. Também há relatos de espancamentos de internos, segundo o promotor da Infância e Juventude Enilson Komono. As denúncias estão sendo investigadas.
"A prometida contenção não foi a
esperada. Só estrutura física, sem
corpo funcional adequado, não
resolve o problema", disse.
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