FABIO SCHIVARTCHE
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro meses após anunciar a descentralização da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) em pequenos prédios espalhados pelo interior de São Paulo, a administração do governador Geraldo Alckmin (PSDB) abriu licitação para a construção de duas novas unidades de médio porte na capital paulista.
Cada uma abrigará 150 infratores. É quase quatro vezes a capacidade máxima das unidades que o governo está construindo em outros municípios do Estado, para até 40 internos -limite previsto pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) como adequado para a ressocialização do jovem.
Uma será feita em Itaquera (zona leste), perto da estação do metrô. A outra, na Vila Leopoldina (zona oeste), perto do Cadeião de Pinheiros. A localização exata das novas unidades não foi divulgada pela Febem, que espera inaugurar os prédios em, no máximo, cem dias após o início da construção -previsto para agosto.
Esses dois prédios novos da Febem paulistana vão acolher adolescentes que hoje estão internados no Tatuapé (na zona leste), o mais explosivo complexo da fundação, responsável pelas maiores fugas e rebeliões deste ano.
As duas unidades da capital paulista fazem parte do primeiro lote de nove prédios que a Febem quer entregar até o final do ano.
Também integram esse lote as unidades que serão erguidas nos municípios de Ferraz de Vasconcelos (com dois prédios), Praia Grande (dois), Mauá (um), Piracicaba (um) e Itapetininga (um).

Mudança de planos
No dia 18 de março, em meio a uma das maiores crises da história da Febem, Alckmin anunciou um conjunto de sete medidas para a reestruturação da instituição. A primeira previa a construção imediata de dez unidades e a abertura de 1.640 vagas em 41 unidades com capacidade para 40 adolescentes cada -mas todas fora da capital paulista.
No dia 16 de maio, a Febem anunciou a implantação de 25 desses 41 prédios. Apenas uma unidade médica seria feita na cidade de São Paulo -idéia ainda não descartada. O restante, no interior e na região metropolitana.
Anteontem, no entanto, o "Diário Oficial" trouxe a relação das cidades que abrigarão as nove unidades novas -que incluem as duas da capital paulista.
Pelo projeto, os prédios em licitação serão fisicamente semelhantes à unidade da Vila Maria (na zona leste). Terão dormitórios para até oito jovens por quarto no primeiro andar e salas de aula e refeitório no térreo.
Em março, o governo estadual havia informado que as novas unidades ficariam prontas em um período de seis a oito meses.
Hoje, a Febem admite que há atraso, causado principalmente pela dificuldade de negociar com prefeitos do interior a instalação dos edifícios em seus municípios. Sem os prédios novos, a fundação reocupou duas unidades do complexo do Tatuapé que haviam sido desativadas semanas atrás.


Próximo Texto: Outro lado: Plano não mudou, diz presidente da fundação
Índice