São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2006

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Advogada de Marcola e mais 20 são presos

Maria Cristina Rachado foi acusada de formação de quadrilha e detida em uma operação que envolveu cem policiais

Para a polícia, mais da metade dos detidos teve participação direta nos ataques realizados pelo PCC em maio no Estado


Antônio Gaudério/Folha Imagem
O delegado Rui Ferraz Fontes mostra foto de Maria Cristina Rachado, detida em operação policial


KLEBER TOMAZ
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A advogada Maria Cristina de Souza Rachado, defensora do líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outras 20 pessoas ligadas à cúpula da organização foram presas, entre a tarde de quarta-feira e ontem, nas regiões norte e oeste da capital. A operação envolveu cem homens do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) e do setor de inteligência da Polícia Federal.
Em 19 de junho, Maria Cristina foi suspensa, por 90 dias, da OAB sob suspeita de ter comprado por R$ 200 a gravação de uma audiência reservada de dois delegados da Polícia Civil paulista -Rui Ferraz Fontes e Godofredo Bittencourt- à CPI do Tráfico de Armas.
Na manhã de ontem, foi presa em seu escritório, na Casa Verde (zona norte), acusada de formação de quadrilha.
As prisões são conseqüência de uma investigação que começou em abril, quando o Deic soube que criminosos do PCC mantinham uma base de operação financeira e de tráfico de drogas na zona oeste.
Segundo a polícia, somente em maio a facção arrecadou R$ 224 mil (vindos de todo o Estado) com o "bicho-papão", espécie de imposto que os traficantes pagam ao PCC. Durante a operação, foram apreendidas espingardas e 21 kg de cocaína, além de R$ 35 mil. Osvaldo Cunha foi preso como responsável pela manutenção das armas.
O delegado Fontes disse que a advogada cobrava seus honorários de um homem identificado apenas como Lucas Renato. Em interceptações telefônicas, foi flagrada cobrando R$ 5.000 dele por préstimos jurídicos a Marcola. Também cobrava R$ 1.500 para ir a Brasília acompanhar sessões da CPI.
"Se imaginarmos que ela é advogada de uma empresa e essa empresa comete crimes, então ela é advogada do PCC, não só do Marcola. E como a facção cometeu crimes de quadrilha, homicídios e tráfico, ela também será arrolada nisso", disse o promotor Márcio Christino.
Também foram presas pessoas que têm grande importância nas ações criminosas fora das prisões, segundo a polícia. Entre elas Marilene Simões, a Marlene, apontada como a tesoureira do PCC. Era ela quem, disse Fontes, fazia a contabilidade do dinheiro que o PCC arrecada no tráfico no Estado.
Leandro Souza de Queiroz, o Leandrinho, foi preso acusado de ser o responsável por fiscalizar as ações financeiras de Marilene e arrecadar dinheiro. Apontado como "piloto" (espécie de gerente) para a região oeste da capital, Alex Claudino dos Santos também foi preso.
Para a polícia, mais da metade dos detidos têm participação direta nos ataques contra as forças de segurança em maio. Foram flagrados em conversas telefônicas com o "sintonia geral" (responsável pela retransmissão de ordens da cúpula) Ronaldo de Simone, o Elefante Branco -irmão de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e aliado de Marcola.
Assim como Elefante Branco, David Magalhães, o Zé da Muleta, também de dentro da prisão deu ordens para os ataques. Wagner Ferreira de Lima, o Xuxinha, também foi preso e é suspeito de liderar uma chacina com quatro vítimas em 31 de março. Os mortos, segundo a polícia, seriam ligados à facção CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade), cujos integrantes são rivais dos que defendem o PCC.
A polícia não permitiu que a reportagem tivesse acesso a nenhum dos 21 presos.

15ª morte
Foi divulgada ontem a morte do agente penitenciário Ângelo Rodrigo Batista Martins, 28, que foi atingido em 6 de julho por oito tiros. Ele morreu na terça-feira no hospital do Servidor Público Municipal. É o 15º agente assassinado desde os ataques de maio.


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