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Advogada de Marcola e mais 20 são presos
Maria Cristina Rachado foi acusada de formação de quadrilha e detida em uma operação que envolveu cem policiais
Para a polícia, mais da metade dos detidos teve participação direta nos ataques realizados pelo PCC em maio no Estado
Antônio Gaudério/Folha Imagem
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O delegado Rui Ferraz Fontes mostra foto de Maria Cristina Rachado, detida em operação policial |
KLEBER TOMAZ
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A advogada Maria Cristina de
Souza Rachado, defensora do
líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), Marcos Willians Herbas Camacho,
o Marcola, e outras 20 pessoas
ligadas à cúpula da organização
foram presas, entre a tarde de
quarta-feira e ontem, nas regiões norte e oeste da capital. A
operação envolveu cem homens do Deic (Departamento
de Investigações Sobre o Crime
Organizado) e do setor de inteligência da Polícia Federal.
Em 19 de junho, Maria Cristina foi suspensa, por 90 dias, da
OAB sob suspeita de ter comprado por R$ 200 a gravação de
uma audiência reservada de
dois delegados da Polícia Civil
paulista -Rui Ferraz Fontes e
Godofredo Bittencourt- à CPI
do Tráfico de Armas.
Na manhã de ontem, foi presa em seu escritório, na Casa
Verde (zona norte), acusada de
formação de quadrilha.
As prisões são conseqüência
de uma investigação que começou em abril, quando o Deic
soube que criminosos do PCC
mantinham uma base de operação financeira e de tráfico de
drogas na zona oeste.
Segundo a polícia, somente
em maio a facção arrecadou R$
224 mil (vindos de todo o Estado) com o "bicho-papão", espécie de imposto que os traficantes pagam ao PCC. Durante a
operação, foram apreendidas
espingardas e 21 kg de cocaína,
além de R$ 35 mil. Osvaldo Cunha foi preso como responsável
pela manutenção das armas.
O delegado Fontes disse que
a advogada cobrava seus honorários de um homem identificado apenas como Lucas Renato. Em interceptações telefônicas, foi flagrada cobrando R$
5.000 dele por préstimos jurídicos a Marcola. Também cobrava R$ 1.500 para ir a Brasília
acompanhar sessões da CPI.
"Se imaginarmos que ela é
advogada de uma empresa e essa empresa comete crimes, então ela é advogada do PCC, não
só do Marcola. E como a facção
cometeu crimes de quadrilha,
homicídios e tráfico, ela também será arrolada nisso", disse
o promotor Márcio Christino.
Também foram presas pessoas que têm grande importância nas ações criminosas fora
das prisões, segundo a polícia.
Entre elas Marilene Simões, a
Marlene, apontada como a tesoureira do PCC. Era ela quem,
disse Fontes, fazia a contabilidade do dinheiro que o PCC arrecada no tráfico no Estado.
Leandro Souza de Queiroz, o
Leandrinho, foi preso acusado
de ser o responsável por fiscalizar as ações financeiras de Marilene e arrecadar dinheiro.
Apontado como "piloto" (espécie de gerente) para a região
oeste da capital, Alex Claudino
dos Santos também foi preso.
Para a polícia, mais da metade dos detidos têm participação
direta nos ataques contra as
forças de segurança em maio.
Foram flagrados em conversas
telefônicas com o "sintonia geral" (responsável pela retransmissão de ordens da cúpula)
Ronaldo de Simone, o Elefante
Branco -irmão de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do
Mangue, e aliado de Marcola.
Assim como Elefante Branco, David Magalhães, o Zé da
Muleta, também de dentro da
prisão deu ordens para os ataques. Wagner Ferreira de Lima,
o Xuxinha, também foi preso e
é suspeito de liderar uma chacina com quatro vítimas em 31 de
março. Os mortos, segundo a
polícia, seriam ligados à facção
CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade), cujos integrantes são rivais
dos que defendem o PCC.
A polícia não permitiu que a
reportagem tivesse acesso a nenhum dos 21 presos.
15ª morte
Foi divulgada ontem a morte
do agente penitenciário Ângelo
Rodrigo Batista Martins, 28,
que foi atingido em 6 de julho
por oito tiros. Ele morreu na
terça-feira no hospital do Servidor Público Municipal. É o
15º agente assassinado desde os
ataques de maio.
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