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Funcionários reclamam de trabalho extra
Com as longas sessões do julgamento do caso Richthofen, fiscais e auxiliares da lanchonete tiveram a jornada estendida
Aficcionado por chocolates, o juiz Alberto Anderson Filho distribuiu doces para os 7 jurados e até mesmo
para uma das testemunhas
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
MARLENE BERGAMO
REPÓRTER-FOTOGRÁFICA
Suzane von Richthofen é culpada. De matar os pais e de fazer o pessoal da lanchonete trabalhar até mais tarde (20h30,
quando o normal é 18h30). "Por
causa dela, a gente tá se matando", diz a chapeira do fórum.
Em compensação, os irmãos
Cravinhos fazem o maior sucesso com a turma dos sanduíches. "Eles são lindos. Não vai
faltar mulher dentro da cadeia
para namorá-los", afirma a
mesma funcionária, sem se
identificar. ""Vê só como eles
choram. Tenho certeza de que
estão arrependidos."
A lanchonete fica no andar de
cima do plenário 10, onde estão
300 pessoas, entre advogados,
estudantes de direito, jornalistas e curiosos acompanhando o
julgamento -"Gente que curte
"Sexta-Feira 13"", caracteriza
Eduardo de Moraes, 34, funcionário do fórum, um dos 16 encarregados da fiscalização.
"Ontem, a gente chegou às 9h
e só saiu depois da meia-noite",
relatou Iacy José de Salles, 31,
também fiscal. A função dessa
turma é difícil. Eles passam o
detector de metais em todo
mundo que entra no plenário
-e é muito entra-e-sai.
Os jornalistas não podem entrar com câmeras fotográficas
ou celulares no plenário. Se
Cristian chora, Nacif tem uma
crise de bronquite, Suzane assoa o nariz, os jornalistas correm para fora do plenário para
transmitir as notícias. Na volta,
são, de novo, revistados, passam-lhes detectores de metais.
O juiz Alberto Anderson Filho adora chocolates. Na rotina
monástica cumprida pelos jurados (eles ficam sentados horas a fio, prestando atenção,
não podem cochilar nem conversar, dormem no próprio fórum e não podem usar telefone,
internet ou assistir à TV), o juiz
adoça as vidas dos sete que decidirão o destino de Suzane e
dos irmãos Cravinhos, oferecendo-lhes chocolate.
Não porque a bóia servida
aos jurados seja ruim. Ontem,
por exemplo, eles almoçaram
panqueca de carne com arroz à
grega; à noite, jantariam pizza.
Sempre com refrigerantes e sobremesas.
Às vezes, o chocolate do juiz
estende-se a testemunhas. A
simpática Fernanda Soel Kitahara, 22, chamada a depor pela
defesa de Suzane, e que foi saudada pelo promotor Roberto
Tardelli com a interjeição
"Nossa, Fernanda, como você
cresceu", recebeu um convite
insólito do juiz, terminada sua
inquirição: ""Depois, passa na
minha sala". A platéia estranhou e Anderson Filho apressou-se a explicar: ""É que ela
disse que gosta de chocolate e
eu ofereci um a ela".
O plenário tem uma espécie
de palco, onde se sentam os jurados, o juiz e os estenógrafos, e
onde se movimentam os promotores e advogados. E como
se movimentam.
O advogado dos irmãos Cravinhos, Adib Geraldo Jabur, caminha o tempo todo em torno
das testemunhas, atividade só
interrompida por gritos de protesto contra o defensor de Suzane, Mauro Otávio Nacif.
Nacif por seu lado, prefere
postar-se ao lado dos jurados,
exatamente o oposto ao de onde deveria ficar.
Em várias oportunidades, o
advogado de Suzane confundiu-se em relação ao nome da
testemunha. Sendo mulher, tinha grande chance de levar um
"dona Marísia...", no início da
conversa -esse é o nome da
mãe morta de Suzane.
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